São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Poesia é destaque entre os lançamentos

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há nenhuma área que se destaque entre os lançamentos de livro deste ano, em termos de quantidade. Em termos de qualidade, o forte parece que será a poesia. Em março teremos, por exemplo, "Poemas" do inglês Alexander Pope, que nunca foram traduzidos em coletânea no Brasil. No mesmo mês, sai "O Cavaleiro de Bronze", de Puchkin, o poeta russo que teve fama como poucos. Dois poetas alemães importantes para entender a modernidade, Rilke e Hoelderling, ganham edição, respectivamente em fevereiro e agosto. E, curiosamente, os sonetos de Michelângelo recebem duas traduções, pela Imago (agosto) e Topbooks (ainda sem data).
Grandes escritores não faltam –nem abundam– nos lançamentos. Entre eles, gente pouco conhecida no país como Georg Trakl, com "De Profundis", Henri Michaux, com "O Bárbaro na Asia", e Cristopher Isherwood, com "Monumento aos Mortos" –todos em abril.
Em biografia, ao menos no primeiro semestre, 1994 não repetirá 1993. Para breve há apenas a de Vinicius de Moraes por José Castello, prevista para este mês, e a de Truman Capote por Gerald Clarke, para março. No entanto, outra marca do ano passado, a obra de Nelson Rodrigues, continuará presente este ano; o próximo volume é "Asfalto Selvagem", que sai no mês que vem. Ela será charmosamente acompanhada por "O Sapo de Arubinha - Os Anos de Sonho do Futebol Brasileiro" (título provisório), reunião de crônicas futebolísticas do irmão de Nelson, Mário Filho, que deve ser lançada em maio.
Em ficção, uma obra-prima a sair em breve (março) é "Operação Shylock", de Philip Roth. Outros nomes contemporâneos comparecem. "Atalhos", de Raymond Carver, que foi filmado por Robert Altman, sai em abril; "Um Golpe de Sorte" e "Maximum Bob", de Elmore Leonard, em março e novembro respectivamente; contos de Paul Bowles, em setembro; e, no mesmo mês, "Centuria", de Giorgio Manganelli. Best sellers inevitáveis são "O Cliente" (agosto), de John Grisham, e "Disclosure" (julho), o último Michael Crichton.
Clássicos da ficção, como "Berlin Alexanderplatz", de Alfred Doeblin (junho), e da não-ficção, como a "História do Povo Arabe" de Albert Hourani (abril), e livros que marcaram seu tempo, como "Crazy Cock", o primeiro de Henry Miller (fevereiro), "Big Money", de John dos Passos, e "Radical Chic", de Tom Wolfe (novembro), estão previstos.
O escritor inglês Anthony Burgess, uma das grandes perdas de 1993, é lembrado com o lançamento do primeiro volume de sua autobiografia, "O Pequeno Wilson e o Grande Deus" (fevereiro), e com "Qualquer Ferro Velho" (maio).
Não será, em suma, um grande ano, ainda que muitos livros estejam sendo reservados para a Bienal do Livro de São Paulo, em agosto. Mas dá para se divertir.

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