São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Sérvios põem as tropas em alerta total na Bósnia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios que combatem a independência da Bósnia colocaram ontem todas as suas tropas em estado de alerta. O Estado-Maior das forças rebeldes anunciou uma série de decisões "destinadas à mobilização dos recursos disponíveis na república para levar a guerra a um final vitorioso".
A ameaça de um ataque aéreo da Otan também contribuiu para a mobilização.Segundo o presidente do Parlamento dos sérvios-bósnios, Momcilo Krajisnik, a decisão foi tomada porque o Ocidente "decidiu apoiar os muçulmanos".
O líder ultranacionalista russo Vladimir Jirinovski disse que a Rússia vai vingar qualquer ataque da Otan aos sérvios-bósnios. Ele se encontrou ontem em Bijeljina (norte da Bósnia) com o líder dos sérvios-bósnios, Radovan Karadzic. Segundo o líder russo, a Terceira Guerra Mundial poderá começar nos Bálcãs.
"Se uma única bomba cair sobre alguma cidade da Bósnia... Eu aviso (aos governos ocidentais) que isso vai significar uma declaração de guerra contra a Rússia e nós vamos puni-los por isso." Jirinovski afirmou que os sérvios têm na Rússia uma aliada.
Funcionários da ONU na nova Iugoslávia (composta pela Sérvia e por Montenegro) disseram que centenas de refugiados estão sendo obrigados a se alistar nas forças sérvias da Bósnia. Os sérvios-bósnios já conquistaram mais de 70% do território da Bósnia na guerra iniciada em abril de 1991. Em negociações com muçulmanos e croatas, mediadas pela União Européia (ex-Comunidade Européia) e pela ONU, os sérvios concordaram em devolver parte do território, mantendo pelo menos 49% das terras da ex-república iugoslava.
A ONU teme que o Exército bósnio, controlado pelo governo muçulmano de Sarajevo, esteja preparando uma ofensiva. Os muçulmanos já tomaram seis cidades controladas por milícias croatas no centro da república. Novas conversações entre os beligerantes na ex-Iugoslávia estão marcadas para o dia 10 em Genebra.
Ontem, tropas muçulmanas e croatas se enfrentaram em Mostar (sul da Herzegóvina). Segundo a Rádio Bósnia, pelo menos 3 civis morreram e 14 ficaram feridos.
Tropas bósnias mataram ontem três homens procurados pelo sequestro de três motoristas britânicos dos comboios de ajuda humanitária. Segundo a rádio estatal bósnia, os suspeitos foram mortos durante um tiroteio com soldados.
A Comissão de Direitos Humanos da ONU denunciou a "passividade e a impotência" da comunidade internacional na Bósnia. "Se os Estados que têm a capacidade e o dever da intervir, não o fazem rápida e eficientemente e se a comunidade internacional continua contentando-se com resoluções que permanecem letra morta, o drama do povo bósnio debilitará perigosamente a credibilidade da ONU", disse Mohamed Ennaceur, presidente da comissão.

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