São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Elite prepara exportação de modelos

SERGIO SÁ LEITÃO
ENVIADO ESPECIAL A UBATUBA

A Elite instalou uma "fábrica" de modelos para exportação na praia do Lázaro, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Em dez dias, entre 50 e 60 meninas do "cast" da agência serão produzidas, embelezadas e fotografadas por uma equipe liderada pela produtora norte-americana Leilani Spencer, que durante cinco anos cuidou da agenda da supermodelo Cindy Crawford.
A "fábrica" da Elite ocupa uma casa de quatro quartos a 200 metros de águas calmas e areia alva, cenário para os cliques dos fotógrafos Richard Reinsdorf, de Los Angeles, e Roger Cabello, de Nova York. Nos EUA, o primeiro se dedica a Hollywood; o segundo, às revistas de moda. Também as responsáveis pela maquiagem são importadas –Laura Fishman e Cyndra Dunn.
A agência pretende inundar de brasileiras os principais mercados de moda do planeta em 94 –Nova York, Paris e Tóquio, além de Miami, onde os europeus fotografam catálogos no seu inverno. Para isso, selecionou a nata de um elenco de 250 modelos e montou a "fábrica" para pruduzir "books" com padrão internacional. "Serão cartões de visita para os EUA", diz Reinsdorf.
Liliana Gomes, "olheira" da Elite, diz que a exportação de modelos esbarra em obstáculos "de linguagem". "Há um preconceito contra o país no exterior", explica. "As meninas têm potencial, mas os 'books' não seduzem porque são feitos segundo um ponto de vista que não é aceito lá fora". Segundo ela, a moda dos EUA exige naturalidade, saúde e corpos bonitos.
Spencer acrescenta mais adversários da exportação de modelos. "Elas não falam inglês, não estão acostumadas à disciplina que se exige nos EUA e nasceram num país que não é tratado com seriedade no mundo da moda", conta. A "fábrica", para ela, tem a função de adestrar as meninas, enquadrando-as no ritmo de trabalho que provavelmente vão encontrar no exterior.
Os fotógrafos foram contratados basicamente para emprestar credibilidade à empreitada. "O material assinado por brasileiros normalmente é desprezado", afirma a produtora Denise Piccinini. A culpa, diz Spencer, não é das modelos. "Nunca vi tantas novatas bonitas e talentosas quanto aqui", concorda Reinsdorf. "Elas precisam apenas de um empurrão para explodir".

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