São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Japão anuncia redução de impostos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro do Japão, Morihiro Hosokawa, 56, anunciou ontem uma proposta de reforma tributária que deverá integrar o pacote de medidas para a recuperação econômica do país, em recessão há três anos, a ser divulgado hoje. A parte fiscal, porém, não foi aceita pelo Partido Socialista, o mais forte da coalizão governista, o que pode colocar em risco a própria sobrevivência do governo.
A proposta do primeiro-ministro prevê estímulos ao crescimento econômico através de uma redução no Imposto de Renda retroativa a 1º de janeiro deste ano. O governo deixaria de arrecadar 5,3 trilhões de ienes (US$ 55 bilhões) com essa medida. Também seria abolido um imposto de 3% sobre o consumo. "Nos próximos três anos, teremos uma redução de impostos equivalente a 18 trilhões de ienes, o que vai aumentar a renda famlilar e o consumo e estimular a economia", disse Hosokawa.
Em compensação, a partir de 1º de abril de 1997 entraria em vigor um novo imposto de bem-estar social, de 7%, destinado a financiar as despesas sociais do governo. É a este novo imposto que o Partido Socialista se opõe.
Pouco depois do anúncio do pacote, a TV NHK informou que os seis ministros socialistas do gabinete estavam ameaçando renunciar. Horas depois, o presidente do partido, Tomiichi Murayama, disse que os ministros não estavam renunciando, apenas condicionando sua permanência no governo à aceitação da reforma tributária pela liderança partidária –o que ele mesmo considerou "difícil".
Os socialistas já haviam colocado Hosokawa em sérias dificuldades no mês passado, quando 17 parlamentares do partido recusaram-se a votar na proposta governista de reforma política. Essa reforma, destinada a acabar com a corrupção política no país, só foi tornada possível com a vitória da coalizão sobre o Partido Liberal Democrático (que estava no poder desde 1955), em agosto de 1993. Ironicamente, foi um acordo entre Hosokawa e o PLD que garantiu sua aprovação, no último sábado.
Aprovada a reforma política, o premiê viu sua popularidade crescer ainda mais (72% de aprovação a seu governo, segundo pesquisa divulgada ontem pelo diário "Yomiuri Shimbun") e agora ele quer ver seu pacote econômico aprovado pelo gabinete até 10 de fevereiro, véspera de seu encontro de cúpula com o presidente Bill Clinton, e pelo Parlamento até dia 15.
O pacote deve somar investimentos de 14 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões), incluindo 4 trilhões de ienes (US$ 37 bilhões) em obras públicas e créditos a juros baixos às pequenas empresas.

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