São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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"Ecodólares" provocam bom hoteleiro

CARLOS KAUFMANN
DO ENVIADO ESPECIAL AO PANTANAL

O sul do Pantanal vive um "boom" hoteleiro sem precedentes na região. Boa parte dessa expansão é atribuída ao turismo ecológico. Segundo a Companhia de Desenvolvimento do Mato Grosso do Sul, o número de leitos em hotéis-fazenda subiu de 480, em maio de 92, para 1.200, em janeiro deste ano.
Mesmo com o interesse despertado pelo Pantanal ultimamente, os brasileiros ainda são minoria entre os ecoturistas. A participação de estrangeiros que visitaram o Mato Grosso do Sul para conhecer a região chegou a 77%, de um total de 52 mil no ano passado.
Ao contrário do turismo de pesca, que normalmente não faz uso de hotéis e é predatório, o turismo ecológico se contenta com a observação da fauna e flora e se adapta bem ao dia-a-dia das fazendas de gado, a principal atividade econômica do Pantanal.
Muitos proprietários rurais descobriram o filão do turismo como fonte de renda alternativa e estão abrindo pousadas na região. A fazenda Rio Negro, que começou a ser utilizada como pousada em 89, é uma das pioneiras e se tornou conhecida no país quando foram feitas as gravações da novela "Pantanal" na propriedade. A fazenda Santa Clara, que recebe muitos animais silvestres que estavam em cativeiro e foram recuperados pela Polícia Florestal, faz "tours" de um dia para safáris fotográficos na região do rio Abobral.
Assim como sedes de fazenda viraram hotéis, a casa da empresária Maria de Fátima Cordella em Miranda (MS) se tornou pousada em 92 –a Aguas do Pantanal, com capacidade para 25 hóspedes. Satisfeita com a procura, Maria de Fátima inaugurou no ano passado a pousada Arara Azul, com 42 apartamentos, dentro de uma fazenda de 18 mil hectares no Pantanal de Nhecolândia. "Na fazenda é proibido barcos a motor", diz a empresária, que também é sócia da pousada Rio Vermelho, em fase de ampliação, numa propriedade de 10 mil hectares e localizada próximo a um ninhal de 40 km de extensão.
A pesca esportiva, que busca mais a diversão do que a captura de quilos e quilos de peixe, é uma modalidade que vem ganhando adeptos na região. "O objetivo da pesca esportiva é a reprogramação vivencial daqueles que querem obter o mesmo resultado que seis meses no divã de um psicanalista", diz o arquiteto gaúcho Luiz Carlos Giordani Costa, 39, dono da pousada Quero Quero, próximo a Corumbá (MS).
A Quero Quero, inaugurada em 90 como um rancho de pescaria tradicional à beira do rio Paraguai, resolveu mudar o perfil da clientela para se dedicar ao ecoturismo e à pesca recreativa. Segundo Costa, 60% dos hóspedes que antes frequentavam o hotel deixaram de vir, mas ele não reclama. A pousada, que tinha 56 quartos em 93, vai passar a dispor de 150 até o final deste ano. ( Carlos Kauffmann)

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