São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Nova galeria vai atrasar obra do túnel

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

As obras do túnel que liga as avenidas Juscelino Kubitschek e Antonio de Moura Andrade, a cargo da CBPO, só devem estar concluídas em junho e serão retomadas apenas dentro de 60 dias. Antes, será construída uma nova galeria do córrego do Sapateiro, ao lado da atual, que passa sobre o túnel e se rompeu no último domingo. A previsão inicial para o término dos trabalhos era 28 de fevereiro. As informações foram prestadas à Folha pelo secretário de Obras, Reynaldo de Barros.
A nova galeria vai ter o dobro de capacidade de vazão e vai da avenida República do Líbano, ao lado do parque Ibirapuera, até depois da avenida Santo Amaro. A canalização atual não será desativada. Segundo o vereador Adriano Diogo (PT), a construção da nova galeria é uma admissão, por parte de prefeitura, de que o projeto inicial da obra estava errado e provocou o acidente de 24 de novembro, quando a galeria estourou e abriu uma cratera de 100 metros quadrados. Para Diogo, a galeria deveria ter sido removida. Barros diz que a nova canalização estava prevista e que o acidente não se deveu à construção do túnel sob a galeria.
A obra no túnel construído pela Constran ao lado do túnel da CBPO, nas mesmas avenidas, mas no sentido Ibirapuera-marginal, será retomada depois de construída uma parede de 15 metros de profundidade entre as duas passagens subterrâneas. A parede, uma "cortina cut-off", segundo o secretário, vai impedir a passagem de água de um túnel para o outro. Os dois estão alagados, mas o da Constran vai ser esvaziado primeiro, quando a "cortina" estiver pronta. O da CBPO espera a finalização da nova galeria. O túnel da Constran deve estar liberado para o trânsito no começo de abril.
Indenizações
Uma comissão de moradores afetados pela enchente de domingo nas proximidades da cratera do Itaim se reuniu ontem durante três horas e meia com representantes da CBPO e Emurb (Empresa Muncipal de Urbanização). As empresas prometeram priorizar as obras da galeria, atendendo reivindicação dos moradores.
Amanhã, às 17h, no canteiro de obras, a comissão discute com as empresas a indenização pelos prejuízos com a enchente. A Emurb diz que os moradores serão ressarcidos pelo seguro das construtoras, se provarem que a obra provocou a enchente de um metro nas ruas do bairro. Reynaldo de Barros, no entanto, diz que até agora não há nenhuma evidência de que isso tenha ocorrido, mesma posição das construtoras. O arquiteto Flavio Marcondes, que teve seu escritório invadido pela água, diz que mora na região desde 1954 e jamais viu enchente como a de domingo, a qual ele atribui às obras. Segundo os pluviômetros da Eletropaulo, naquele dia choveu 53 mm, índice que se repete apenas a cada 50 anos.

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