São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Corinthians demite Afrânio Riul

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Corinthians demite Afrânio Riul
O técnico Afrânio Riul foi demitido ontem do Corinthians. A goleada sofrida para o Guarani (4 a 0), anteontem, em Campinas, foi decisiva para os dirigentes optarem por uma demissão passional. "No futebol, vive-se de resultados", justificou o presidente Alberto Dualibi que, em acerto com os diretores Henrique Alves e Carlos Nujud, oficialmente comunicou que Riul pediu demissão no início da tarde. Pela manhã, porém, o técnico garantia pretender ficar no cargo. Os substitutos mais cotados são Carlos Alberto Silva, que garantiu aceitar se contatado ("Se algum dirigente me ligar, estou disposto a fechar negócio", disse, em Belo Horizonte) e Fito Neves.
A apressada demissão de Riul pôs um ponto final em uma decisão equivocada. Deslumbrados com o trabalho de Mário Sérgio que, apesar do noviciado na carreira, levou o time ao terceiro lugar no Campeonato Brasileiro passado, os dirigentes decidiram seguir o mesmo raciocínio: trazer um treinador inexperiente em clubes grandes. Contratado, Riul cometeu um grande deslize, ao confessar ser torcedor do Palmeiras.
Na pré-temporada, em Itamonte (MG), foi a vez de os jogadores começarem a desconfiar. "É um bom cara, mas não tem carisma", confessou um jogador, que rogou anonimato. O desalento cresceu com os dias. Os jogadores revelavam cada vez menos confiança no trabalho do treinador, principalmente nas improvisações táticas, como fixar Moacir no comando da marcação e cobertura da defesa.
O fato decisivo foi a derrota em Campinas. Obrigado a escalar Elias na lateral esquerda -o titular, Zé Elias, foi oficialmente vendido ao PSV da Holanda–, Riul reclamava por não dispor de todos os jogadores. A goleada, porém, derrubou qualquer justificativa.
Apesar de os dirigentes negarem a decisão de demitir Riul, a medida foi tomada no vestiário, depois do jogo. "Os dirigentes me garantiram que ele seria demitido", disse José Cláudio de Almeida Moraes, presidente da Gaviões da Fiel. "Por isso que nem fomos ao clube hoje (ontem)." Riul tinha uma reunião marcada com os dirigentes à tarde, quando pretendia dizer que ficava, mas foi convencido a não ir ao Parque São Jorge. Um pedido de demissão foi arranjado. "Ele me ligou e disse que a família o convenceu a deixar o clube", disse Nujud. Procurado pela Folha, em Campinas e Ribeirão Preto, Riul não foi encontrado.
Para aliviar a tensão, a chegada do atacante Rivaldo foi saudada com fogos e a tradicional sirene. "Se o time não tivesse perdido, minha volta seria mais tranquila", reconheceu ele, que deve reestrear domingo, contra o Novorizontino.

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