São Paulo, sábado, 5 de fevereiro de 1994
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CEI determina que funcionários do governo comprovem renda e bens

WILLIAM FRANÇA
SILVANA DE FREITAS

WILLIAM FRANÇA; SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DA BRASÍLIA

A CEI (Comissão Especial de Investigação) da Presidência da República deu prazo de 30 dias para que todos os funcionários públicos que controlam despesas do governo apresentem declarações de renda e de bens. A medida vai atingir desde ministros até chefes de departamentos financeiros e de pessoal de órgãos públicos.
O presidente Itamar Franco empossou ontem os sete membros da comissão que vai apurar denúncias de irregularidades no Executivo, sob a presidência do ministro da Administração Federal, Romildo Canhim. A comissão decidiu ontem reunir todas as sindicâncias abertas no governo para investigar corrupção em órgãos públicos.
A CEI exigiu explicações da CEF (Caixa Econômica Federal) sobre um empréstimo concedido à Usina Jaçanã, que pertencia ao deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE). O empréstimo, investigado pela CPI do Orçamento, pode ter sido concedido em condições privilegiadas. A comissão vai investigar também as obras de eletrificação rural feitas nas fazendas de Fiuza. Também serão apuradas obras do Ministério do Bem-Estar Social colocadas sob suspeita pela CPI.
Os sete membros tomaram posse numa solenidade concorrida, no salão oval do Palácio do Planalto, com a presença de 17 dos 26 ministros. Itamar disse estar decepcionado com o poder. "O poder, sabem os senhores, é o mais grave dos ofícios". Também lamentou "o malogro dos projetos do governo, a incompreensão dos amigos, a impaciência dos correligionários e má fé dos adversários".
A cada três meses, o presidente deverá receber um balanço dos trabalhos da comissão especial. As investigações serão feitas por grupos técnicos coordenados por um membro da CEI. A comissão avaliará os resultados e decidirá sobre encaminhamento das denúncias ao Ministério Público ou ao Tribunal de Contas da União. Segundo Canhim, a comissão dará prioridade inicial às investigações sobre a rede de corrupção no Orçamento, por determinação de Itamar.
À tarde, a comissão fez sua primeira reunião de trabalho, sem documentos importantes da CPI. O senador Humberto Lucena, presidente do Congresso, não liberou os relatórios das subcomissões. Canhim disse que Lucena "restringiu a comissão a solicitar informações contidas no relatório geral".

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