São Paulo, sábado, 5 de fevereiro de 1994
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ONU ameaça a Croácia com sanções

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança da ONU lançou na quinta-feira à noite um ultimato à Croácia, dando ao país duas semanas para retirar da Bósnia as tropas de seu Exército que estão apoiando os croatas-bósnios contra os muçulmanos. A Croácia reagiu ameaçando ampliar a guerra na ex-Iugoslávia.
O Conselho ameaça adotar "medidas sérias" caso a Croácia "não ponha um fim imediato a todas as formas de interferência na Bósnia". O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, disse que a Croácia tem de 3.500 a 5.000 soldados na Bósnia.
O embaixador da Croácia junto à ONU, Mario Nobilo, reagiu com outra ameaça: "Nós iniciaríamos uma nova guerra na região. Em primeiro lugar, liberaríamos território tomado à Croácia, qualquer que fosse o preço".
Esta última declaração foi interpretada por diplomatas ocidentais como uma tentativa de envolver os sérvios no problema. O "território tomado à Croácia" é a chamada "República Sérvia da Krajina", área que os sérvios tomaram no fim de 1991, quando tentavam impedir que a Croácia se tornasse independente da ex-Iugoslávia.
O líder dos rebeldes sérvios que combatem a independência da Bósnia, Radovan Karadzic, também reagiu contra a ameaça de sanções à Croácia. A nova Iugoslávia (Sérvia e Montenegro) está sob sanções da ONU desde maio de 1992 por razões semelhantes: apoio militar aos sérvios-bósnios.
Karadzic disse não acreditar que a ONU imponha sanções à Croácia, porque a Alemanha se opõe a elas. O ministro alemão das Relações Exteriores, Klaus Kinkel, já se pronunciou contra elas. A Alemanha seria o destino de uma nova onda de centenas de milhares de refugiados da ex-Iugoslávia.
A decisão final da Alemanha deverá ser conhecida na segunda-feira, numa reunião de ministros do Exterior da União Européia. Dinamarca e Itália já se pronunciaram a favor das sanções.
Até poucos meses atrás, os croatas da Bósnia eram aliados dos muçulmanos contra os sérvios. A virada ocorreu quando sérvios e croatas passaram a defender um plano de paz que prevê a divisão da Bósnia, o que prejudicaria a maioria muçulmana.
Esse plano é apoiado pelos países europeus. Os EUA, que vêem os muçulmanos como principais vítimas da guerra, são contra.

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