São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Rivaldo não quer ser estrela solitária

DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Rivaldo não escondeu seu constrangimento ao ser recepcionado, na quinta-feira passada, com foguetório e os gritos da sirene do Parque São Jorge. Com a demissão do técnico Afrânio Riul consumada, o jogador evitava ser aclamado como herói solitário. "O time tem hoje muitas estrelas e não algumas", disse Rivaldo, o único do time, porém, com chances de figurar nas próximas convocações de Carlos Alberto Parreira. Emprestado até 31 de julho, Rivaldo tem o passe fixado em US$ 3,45 milhões para o Corinthians e US$ 4 milhões para os demais. (UB)
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Folha - Você não parecia muito à vontade em sua volta ao clube...
Rivaldo - É chato chegar quando o time não tem técnico e depois de sofrer uma goleada. A única sensação é acreditar que vamos começar praticamente do zero, principalmente porque ainda temos chance de reabilitação. Uma coisa é certa: o Corinthians não vai mais sofrer uma derrota como aquela. Pela força do time, eu diria que é impossível.
Folha - Agora é desvantagem disputar um campeonato com pontos corridos?
Rivaldo - Se eu disser que sim, vai parecer desculpa. Acho que é estimulante, pelo menos nessa fase, em que nenhuma equipe disparou na pontuação. E nenhum grande é infalível. O São Paulo, que vinha vencendo todas, foi derrotado em Araras. É o equilíbrio do campeonato.
Folha - Você pretende voltar à seleção brasileira. Não é chamar muita responsabilidade, num momento em que o Corinthians ainda não se estabilizou?
Rivaldo - Acho que não. Todo mundo sabe que o futebol paulista é a melhor vitrine para qualquer jogador, melhor ainda em um time grande. Como todo jogo vai ter uma importância de decisão (principalmente para o Corinthians agora), uma boa atuação pode garantir mais uma chance na seleção.
Folha - Mesmo jogando em uma posição que você não está muito acostumado?
Rivaldo - Mesmo assim. O técnico quer que eu jogue menos pela ponta, como gosto, e mais enfiado, com o Viola. É um espaço diferente no campo, mas quero encarar como desafio. De repente é a melhor forma de conquistar uma vaga na seleção...
Folha - Essa disposição em jogar sempre te causou um problema quando ainda era juvenil, não?
Rivaldo - Foi sim. Aconteceu em 1988, quando eu tinha 16 anos. Fui dispensado sem explicações do Santa Cruz e logo arrumei uma vaga no Paulistano. Quando os times se enfrentaram, eu fiz dois gols e vencemos. Foi quando o Santa Cruz descobriu que não tinha liberado meu passe e, portanto, estava irregular no outro time. Os dirigentes exigiram minha volta e ainda conseguiram suspender o Paulistano.

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