São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994 |
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Ídolo na Espanha, Oscar esquece seleção
EDGARD ALVES
Oscar, que desde 81 estava jogando na Itália e é o maior cestinha de todos os tempos daquele país, vive uma nova experiência. Transferiu-se para a Espanha, onde defende o Forum de Valladolid, um dos "lanternas" do Campeonato Espanhol. Apesar disso, o brasileiro segue sua marcha de cestinha, sendo o principal anotador da liga, com média aproximada de 32 pontos por jogo. Contra o Estudiantes, de Madri, marcou 46 pontos, seu recorde na Espanha. Apesar da precisão dos tiros de Oscar, o Forum ganhou apenas 5 dos 20 primeiros jogos que disputou no campeonato. A péssima campanha, no entanto, não preocupa o cestinha. "Estou satisfeito com o respeito dos espanhóis pelo meu basquete", disse por telefone à Folha. * Folha - É irrevogável sua decisão de não jogar mais pela seleção brasileira? Oscar Bezerra Schmidt - É uma decisão tomada desde abril do ano passado, sem volta. Folha - O que o motivou? Oscar - Seleção é coisa séria. Foi a equipe na qual mais gostei de jogar, além dos tempos do Sírio. Um grande jogador tem seu tempo e nele deve dar o melhor de si. É triste ver um grande jogador ser encostado. Não quero que isso aconteça comigo. Prefiro deixar a imagem de cestinha, que mantive com sucesso até a Olimpíada de Barcelona. Foi a minha despedida. Folha - Houve algum atrito com a Confederação Brasileira de Basquete? Oscar - Pelo contrário, a relação sempre foi ótima. Dei e recebi. Tudo dentro do espírito amadorístico, sem preocupação com dinheiro, por pura satisfação pessoal. Insisto que servir à seleção foi o maior prazer de minha carreira. Folha - Caso a CBB o convoque para o Mundial, você pode reconsiderar sua decisão? Oscar - Não, de jeito nenhum. Não quero ninguém lembrando de mim sentado no banco. Folha - É correta a política da CBB de renovação completa da seleção brasileira? Oscar - É uma questão de ponto de vista. Vamos esperar que seja bom assim. Vi a seleção Sub-22 e gostei. No final do ano, fiquei impressionado com a seleção paulista que venceu o Torneio de Natal, em Madri. Os pivôs Josuel e Luizão e o ala Chuí estão demais. Folha - Alguma possibilidade de colaborar com a seleção? Oscar - Vou querer sempre e estarei à disposição. É meu sonho. Agora, como jogador, meu tempo já passou. Folha - Além dos EUA, que estão na chave do Brasil, quais as forças do Mundial? Oscar - O jogo de morte para o Brasil na primeira fase é a Espanha. Os times europeus são fortes. A Alemanha, por exemplo, é campeã européia. Folha - Como você vai acompanhar o Mundial? Oscar - Não sei ainda. Pretendo viajar para o Brasil, coisa que não pude fazer no ano passado, pois estava tratando do meu contrato. Folha - Depois de mais de dez anos de sucesso na Europa, sua situação econômica é tranquila? Oscar - Ninguém está tranquilo, mas não posso reclamar. Creio que existe segurança para minha família (a mulher Cristina e os filhos Felipe, 8, e Stephanie, 3). Folha - Até quando você resistirá nas quadras? Oscar - Aos 35 anos, não tenho nenhuma pretensão de parar. A nível de clube, espero ainda jogar muito tempo. Sinto-me bem, adoro jogar e não sei fazer outra coisa. Folha - Pretende encerrar a carreira na Europa? Oscar - Espero que seja no Brasil. Não penso nisso, dá angústia. Folha - Se fosse convidado, aceitaria vir jogar no Brasil, já? Oscar - Seria difícil, pois meu contrato com o Valladolid abrange a temporada de 94-95. Folha - A falta de uma medalha olímpica o aborrece? Oscar - De jeito nenhum. Minha paixão é o basquete e passei minha vida toda jogando. Não tenho frustracão. Não tem preço que pague 15 anos de seleção brasileira, como ídolo. Texto Anterior: OS TÉCNICOS Próximo Texto: Jogador foi com 19 anos para seleção Índice |
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