São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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'Sérgio Macaco' morre de câncer aos 63

FRANCISCO SANTOS

DA SUCURSAL DO RIO

O capitão-do-ar reformado Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, 63, o "Sérgio Macaco", morreu de câncer na noite de sábado, no Hospital Central da Aeronáutica (Tijuca, zona norte do Rio), onde estava internado. Ele foi o principal personagem do "caso Para-Sar", como ficaram conhecidas suas acusações, em 1968, sobre uma série de ações terroristas que teriam sido planejadas pelo brigadeiro João Paulo Burnier para acusar militantes de esquerda.
Sérgio Macaco morreu sem que o presidente Itamar Franco cumprisse a sentença do STF (Supremo Tribunal Federal), de novembro de 1992, determinando sua reintegração à Aeronáutica no posto de brigadeiro da reserva. Ele foi enterrado ontem à tarde, no Cemitério do Caju, zona norte, ao som do Hino Nacional cantado por cerca de 50 parentes, amigos e políticos do PDT, partido ao qual era filiado.
Nem o governo nem a Aeronáutica mandaram representantes oficiais ao velório, realizado na capela do próprio hospital, ou ao enterro. O governador do Rio, Leonal Brizola (PDT), compareceu ao velório e ofereceu uma bandeira do partido para ser colocada sobre o caixão.
A viúva Sônia Maria Carvalho disse que preferia uma bandeira do Brasil, que foi providenciada pelo governador. Emocionada, a viúva disse que o capitão Sérgio era "um herói nacional que impediu a realização de um plano macabro". O frade franciscano Mílton Campos, capelão do hospital, disse na missa de corpo presente que o capitão "tornou-se um herói de fato e não de histórias".
Após o enterro, o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), propôs que o governo não apenas cumpra postumamente a determinação do STF como também que Sérgio Macaco seja reconhecido como herói e receba uma condecoração póstuma.
Miro Teixeira disse que se o presidente Itamar Franco estiver se sentindo "embaraçado" para cumprir a ordem do STF, pode pedir uma autorização do Legislativo que, segundo o deputado, será providenciada em 48 horas.
O médico Francisco Barreira, que vinha cuidando de Sérgio Carvalho, disse que no sábado pela manhã o capitão ainda demonstrava "garra" de viver. Mas ele não resistiu ao avanço pelo seu organismo do câncer detectado inicialmente no estômago. Além da viúva Sônia Carvalho, Sérgio Macaco deixou três filhos.

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