São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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Chuva forte mata 4 na zona leste

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos cinco pessoas morreram por causa da chuva forte que atingiu São Paulo anteontem a partir das 16h. Ontem às 15h30, cerca de 200 moradores da Vila Carrão (zona leste) ergueram barricadas na avenida Itaquera com os móveis destruídos pela inundação. Os manifestantes responsabilizavam a prefeitura pela enchente e protestavam pelo fato de, quase 24 horas depois da inundação, a administração regional não ter iniciado a limpeza das ruas. Duzentas pessoas ficaram desabrigadas, segundo a Defesa Civil do Estado.
Nas ruas Iemanjá, Benedito Antonio Silveira e Luís Scalise, na Vila Carrão, a água chegou a 1,70 m. Os moradores perderam móveis, objetos e até carros. O casal Luiz Alves da Silva, 85, e Gerônima Ferraz da Silva, 76, morreu afogado em sua casa, na rua Luís Scalise, 11, depois que uma parede cedeu com a força da água.
Segundo Expedito Ramos, neto do casal morto, a água que inundou a casa dos avós é a que vem pela galeria do cemitério da Vila Formosa e que deveria desembocar no córrego Aricanduva. Como a vazão do Aricanduva é maior que a da galeria, a água da galeria acaba voltando e inundando as ruas. Ramos e seus vizinhos vão processar a prefeitura.
"O duro é isso: perder tudo e no dia seguinte a prefeitura nem vir retirar o entulho e a lama. Amanhã vem mais chuva e isso aqui vai ficar pior", reclamou o morador Valdir de Oliveira.
O secretário das Administrações Regionais, Ricardo Izar, afirmou que ontem 212 homens e 20 caminhões estavam fazendo a limpeza na zona leste. Segundo Izar, já existe um projeto para aumentar o escoamento da galeria que vem do cemitério. Roberto Joaquino, administrador da Penha, disse que o local onde houve o protesto vai ser limpo hoje.
Leonice da Costa, 52, perdeu todos os objetos de sua casa, "menos as lâmpadas". Ela mora na rua Luís Scalise, 98, e sua casa está construída sobre uma base de cimento de 70 cm acima do nível da rua. "Só nos salvamos porque fomos para a edícula. Já procurei, mas não sei nem onde foi parar meu telefone. Até o microondas preso na parede foi destruído", disse. Os dois carros Gol que estavam na garagem ficaram totalmente cobertos pela lama.
Morreram também Francisco Matos da Costa, 45 –arrastado pela correnteza nas imediações da estação Penha do metrô–, e Luís Antonio Pereira da Silva, 36, carregado pela água perto da avenida Aricanduva. Em São Bernardo do Campo, Gilvan Alves Barbosa, 11, morreu no desabamento de sua casa. (Victor Agostinho)

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