São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
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Governo lamenta a ausência de Genebaldo

INÁCIO MUZZI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A ausência mais sentida pela equipe do ministro Fernando Henrique Cardoso no Congresso é um nome marcado para morrer: Genebaldo Correia (PMDB-BA). Há três meses ele deixou a liderança do PMDB, tragado pela lama do Orçamento. Há três meses o governo acumula tropeços no relacionamento com o Legislativo.
A relação entre um e outro destino pode não ser direta, mas é cada vez maior o número de ministros e assessores do Executivo a lamentar o fim do líder capaz de tornar homogêneo o voto da bancada do PMDB. O segredo de Genebaldo estava no conhecimento dos interesses particulares de cada membro de sua bancada. "Genebaldo tinha um fascínio pelo poder de aglutinar e não media esforços neste sentido", lembra o líder de um partido adversário do PMDB.
A ausência de um agente aglutinador no maior partido do Congresso é o principal problema enfrentado por Fernando Henrique na tramitação do plano econômico. Na quarta feira, ele apostou na capacidade do atual líder do partido, Tarcísio Delgado (PMDB-MG) e do presidente do PMDB, Luiz Henrique (PMDB-SC), de contornaram a irritação de alas do partido com as críticas feitas à legenda pelo governador tucano, Ciro Gomes. Se deu mal. Quando o governo precisou do PMDB para aprovar o requerimento de prioridade para a votação do FSE, grande parte da bancada não compareceu.
Assessores de Fernando Henrique lamentam não ver mais Genebaldo cobrando dos companheiros indecisos o compromisso do voto firmado pela liderança. Nestes embates, o líder, algumas vezes, tinha que lembrar a seu interlocutor do favor que lhe prestara, apoiando uma emenda na Comissão de Orçamento ou intercedendo por um de seus pleitos no Executivo.
O êxito alcançado por Genebaldo deu uma relativa tranquilidade aos negociadores do governo Itamar. Estes procuravam o líder do governo, Roberto Freire, por deferência, mas só se tranquilizavam após a aquiescência de Genebaldo.
Tarcísio Delgado, que terá hoje a incumbência de mobilizar sua bancada, não preza do mesmo prestígio de Genebaldo.
Hargreaves
O presidente Itamar Franco empossa hoje novamente Henrique Hargreaves, 58, como ministro-chefe da Casa Civil, no momento em que o governo está sem articulação política no Congresso para garantir a aprovação do FSE.
Há 101 dias Hargreaves foi afastado do cargo devido a denúncias de envolvimento no esquema de corrupção do Orçamento. O relatório final da CPI do Orçamento considerou-as improcedentes.

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