São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
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Metade dos bairros da cidade fica alagada

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Mais de 800 pessoas estão desabrigadas em Peruíbe (135 km ao sul de São Paulo). Por causa das chuvas e dos alagamentos, que atingiram metade dos bairros da cidade, a prefeitura decretou estado de calamidade pública. Dos 21 bairros, 12 ficaram ficaram cobertos pela água.
"Nos bairros afetados, o nível da água chegou a cerca de um metro e meio de altura", disse o chefe da Defesa Civil, José Ignácio Monte Oliva, 56.
O rio Negro, que corta a cidade, transbordou na madrugada de ontem. A Defesa Civil passou o dia monitorando a situação das cerca de 2.300 pessoas que moram em áreas ribeirinhas. "Muitas delas, mesmo com as casas alagadas, não querem se transferir para abrigos", disse Oliva.
Ele explicou que o alagamento de mais de 50% da área do município foi causado pela alta do mar –a maré alta que se verifica no litoral da cidade desde 12h30 de ontem. Segundo o chefe da Defesa Civil, a maré alta "represou o rio Negro, o que não permite o escoamento para o mar o aumento do seu nível, provocado pelas fortes chuvas".
Os 12 bairros alagados abrigam cerca de 60% da população de Peruíbe, que é de 45 mil pessoas. Nesses bairros, segundo a Prefeitura, o abastecimento de água não é regular. Os desabrigados estão alojados em creches, escolas e no ginásio municipal.
Os olhos vermelhos do funcionário público Sebastião da Silva, 30, denunciavam três noites sem dormir. "Desde sexta-feira não consigo dormir por causa da chuva", disse. Ele perdeu quase tudo que havia em sua casa, que fica no distrito de Caraguava, região mais afetada pelas enchentes.
A família de Silva está abrigada em uma escola, mas ele não abandona a casa, temendo saques de ladrões. "Tentei dormir em cima de uma mesa, mas não consegui. Ladrão foi lá em casa na madrugada de hoje (ontem)", afirmou. Os ladrões que tentaram saquear o que restou foram expulsos por tiros de um vizinho.

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