São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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A residência médica

CÁRMINO ANTONIO DE SOUZA
A residência médica é, seguramente, a melhor forma de profissionalizar e qualificar o jovem médico. A personalidade do profissional é moldada durante a residência. Contudo, muitas instituições ou profissionais da área não sabem, exatamente, o que esta modalidade de formação representa e a transformam em "mão-de-obra barata", sem a qualificação e compromisso formador necessários ao profissional.
O governo do Estado de São Paulo tem dado significativa contribuição à residência. Assume mais de 4.000 bolsas por ano, contribuindo com mais de 20 instituições de ensino do Estado. Os valores das bolsas são de US$ 2,5 milhões por mês. O controle da residência, em âmbito governamental, é realizado pelo Conforpas (Conselho para Formação de Pessoal da Saúde).
Um estudo realizado pela Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) revelou dados importantes a respeito da residência em nosso Estado. Conseguimos, através de uma análise pormenorizada, estratificar as instituições em cinco grupos.
Foram definidos os padrões de qualificação técnica, programática e institucional entre as entidades que compõem o "pooll" das residências participantes do sistema paulista. Com este estudo, pudemos definir medidas corretivas, bem como priorizar investimentos para 94.
A participação do Estado de São Paulo representa 82% de todas as bolsas pagas do Estado e cerca de 50% do país. Além disso, o nível de organização e de controle realizados através da Secretaria de Estado da Saúde, da Fundap e da Comissão Estadual de Residência Médica tem dado credibilidade ao sistema, de modo a catalisarmos programas das universidades públicas paulistas, de escolas de medicina, hospitais públicos e de institutos.
É muito importante que médicos residentes participem desse momento histórico da implantação do SUS. A competência adquirida em nossos programas, aliada aos compromissos sociais, poderá reverter este quadro de dificuldades.
Todas as instituições de ensino devem fornecer aos médicos residentes informações sobre o sistema de saúde em implantação. O compromisso do Estado com a residência médica não está dissociado da proposta maior da saúde no Brasil.
Entendemos até que o Programa de Residência Médica Nacional deve ser revisto e modernizado. Entendemos, ainda, que todos os Estados deveriam se envolver mais, promovendo esta modalidade de formação em serviço.

CÁRMINO ANTONIO DE SOUZA, 42, é secretário da Saúde do Estado de São Paulo. Foi diretor do Hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

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