São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Nenê criou bateria ousada

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu fiz uma escola. No tempo de Cristo, eles jogavam os caras aos leões", costuma dizer Alberto Alves da Silva, 70, o Nenê da Vila Matilde, que empresta seu nome a uma das escolas mais simpáticas e a maior da zona leste da cidade.
Ele fundou a Nenê em 1949, a partir de uma roda de capoeira, que se reunia aos sábados. Metalúrgico, filho de um carioca da Mangueira que veio para São Paulo trabalhar em ferrovia, Nenê foi o criador da bateria mais diferente e ousada da história do Carnaval paulistano.
Com toques de maracatu, pontos de terreiro e samba de morro carioca, a Nenê por muito tempo se distinguiu do ritmo "italianado, pesado e apressado" que marcava as demais escolas paulistanas.
Hoje todos concordam que o ritmo melhorou. Nenê chama para si o êxito da mudança. Segundo ele, foram dois diretores de bateria formados em sua escola, Lagrila e Divino, que se transferiram para outras escolas e modificaram a batida. Viúvo e pai de três filhos, orgulha-se de ter conseguido o primeiro subsídio da Prefeitura de São Paulo, em 1967. E destesta os apologistas do modelo de escola-empresa. "Um dia surge um empresário, um intelectual ou um crente e acaba com tudo. Eles nunca aparecem nos tempos de dureza", afirma. (LCD)

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