São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP registra o sexto caso de cólera do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo identificou ontem o primeiro caso de cólera no Estado de São Paulo este mês. Em janeiro, foram registrados outros cinco casos, todos eles na região metropolitana da capital. A vítima foi Everton Dantas da Silva, que mora na zona norte da cidade e contraiu a doença no Rio Grande do Norte.
Ele chegou à capital de ônibus no dia 2 de janeiro. Segundo o médico Rubens Calvo, da Vigilância Sanitária, Everton mora próximo a uma favela, que não tem saneamento básico. "A casa do paciente tem saneamento, o que dificulta a propagação da doença", diz.
Segundo Calvo, a maior preocupação é com os outros passageiros que vieram no ônibus com Everton. "Alguns deles podem ter se contaminado e estar espalhando a doença", diz.
Ontem, técnicos da vigilância sanitária estiveram na casa de Everton procurando sinais do vibrião do cólera e tentando identificar vizinhos ou familiares com os sintomas da doença, mas nada foi encontrado. Everton foi tratado no Pronto-Socorro Municipal de Santana e já teve alta.
O médico responsável pela vigilância sanitária da região norte, Sancho Pinheiro, afirmou ontem que, se Everton contaminou outras pessoas, os sintomas devem começar a aparecer em uma semana, período de incubação da doença. "Dificilmente houve a contaminação, o paciente mora em uma casa com saneamento básico", disse.
Segundo o médico Wagner Augusto Costa, diretor do Centro de Vigilância Sanitária, todos os casos registrados este ano em São Paulo foram de pacientes que contraíram a doença em outros Estados.
Em 91, foram registrados 2.103 casos de cólera no país, com 33 mortes. Em 92, o número de casos subiu para 33.696, com 429 mortes. Em 93, foram 53.338, com 581 mortes. Até 27 de janeiro deste ano, foram registrados 6.954 casos no país, com 30 mortes.
Em São Paulo, em 1992, foram registrados cinco casos, que não causaram mortes. Em 93, foram 26 casos, com três mortes.
Segundo Costa, da Vigilância Sanitária, o órgão está fazendo análises por amostragem nos ônibus que chegam a São Paulo para tentar detectar casos importados da doença. Segundo ele, a existência de muitos ônibus clandestinos trazendo passageiros da região Nordeste está prejudicando o trabalho de vigilância.

Texto Anterior: Morre aos 50 o arquiteto José de Aguiar
Próximo Texto: Ameaça de chuvas não assusta turistas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.