São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Tyson lê Marx, Mao e Maquiavel na prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-campeão mundial dos pesos-pesados, Mike Tyson, 26, passa seu tempo na prisão lendo a obra de autores como Mao-Tsé-Tung, Marx, Arthur Ashe, Tolstói, Maquiavel, Voltaire, Scott Fitzgerald e outros, segundo entrevista que concedeu à revista norte-americana "Esquire".
Tyson, que cumpre pena de seis anos de prisão por estupro no centro de detenção de Plainfield (estado de Indiana, EUA), disse que ler serve como consolo para sua pena.
As obras do tenista Arthur Ashe, que morreu de Aids no ano passado, e do líder chinês Mao Tsé-Tung são as que mais o inspiram. A tal ponto que Tyson possui agora a efígie de Mao tatuada no bíceps direito e a de Ashe, no esquerdo.
Segundo o norte-americano, as dificuldades por que Mao passou fazem sua pena parecer insignificante, enquanto os textos de Ashe o fazem refletir sobre a condição dos negros na sociedade dos EUA.
O filósofo francês Voltaire é outro ídolo do norte-americano. "Voltaire era o máximo. Ele não tinha medo de nada. Prendiam-no o tempo todo e ele continuava a escrever a verdade", admira-se o ex-campeão.
Tyson já cumpriu dois anos de sua pena e pode ser libertado por bom comportamento em maio de 1995. Segundo um amigo do pugilista, o reverendo Charles Williams, Tyson também dedica parte de seu tempo aos estudos.
Os livros, no entanto, não bastam para que ele esqueça o fato de que perdeu a liberdade. "Acho que, quando eu sair da prisão, serei uma pessoa melhor do que quando entrei. Mas às vezes me sinto tão frustrado aqui dentro que tenho apenas vontade de chorar", confessou o ex-campeão ao jornalista Pete Hamill.
Ele acrescentou que, às vezes, pede para ser confinado em uma solitária "para ficar sozinho, meditar, ler". Na entrevista, ele insistiu mais uma vez que é inocente, mas assegurou que não quer se vingar "de ninguém".
Tyson planeja voltar aos ringues quando for libertado e disse que também quer viajar pelo mundo e conhecer cidades e museus, entre estes o Louvre, em Paris.
Convertido ao islamismo, o lutador também falou na entrevista de sua vida milionária antes da prisão: "Era irreal. Eu tinha mil mulheres, o melhor champanhe, os hotéis mais luxuosos, os melhores carros e refeições. E isso me levou até aqui", avaliou Tyson, que porta o número 922335 na prisão.

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