São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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'Buda' é recebido com frieza

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

"O Pequeno Buda", de Bernardo Bertolucci, abriu em chave baixa o 44.º Festival de Cinema de Berlim na noite de anteontem. Bertolucci optou pela simplicidade e fez uma fábula contemporânea de introdução ao budismo. Se não fosse um filme, "O Pequeno Buda" seria um desses belos livros infantis ilustrados. Até começa com um "era uma vez". Talvez fosse sua verdadeira vocação.
O filme desenvolve duas histórias paralelas que acabam por se cruzar. A primeira, contemporânea, mostra como um garoto de Seattle é tido como a reencarnação de um Lama e acaba com o pai no Tibete. A segunda resume a vida de Buda (Keanu Reeves), de seu nascimento como príncipe Sidarta até a primeira iluminação.
A iniciação do menino e de sua família soa sempre inverossímel e acaba por impedir maior identificação. Os melhores momentos encontram-se na narrativa mágica da trajetória de Buda, mas tornam-se progressivamente intervenções apenas pontuais. Este épico juvenil é decididamente um Bertolucci menor.Não surpreende, assim, que durante a coletiva de imprensa o diretor de "O Último Imperador" tenha anunciado que seu próximo projeto deve ser "uma pequena história de amor rodada na Itália". "Quero voltar a me exercitar num filme de baixo orçamento", disse.
Bertolucci ainda adiantou que pretende desenvolver para breve uma terceira parte de seu épico italiano "Novocento". "Acho que está na hora de rodar a parte que vai de 1945 até este fim de século". Perguntado sobre as razões de seu exílio internacional e seu proclamado retorno à Itália, o diretor disse que não conseguia mais trabalhar na Itália do início dos anos 80 "pela atmosfera de corrupção".
Dois filmes dão hoje sequência à mostra competitiva. "Morango e Chocolate", dos cubanos Tomas Gutierrez Alea e Juan Carlos Tabio, é uma corrosiva comédia sobre a discriminação de Fidel. Já o francês "Não Muito Católico", da estreante Tonie Marshall, trata de uma libertária mãe de 40 anos. Fora de competição, o destaque é o drama russo "Páginas Sussurradas", de Alexander Sokurov.

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