São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Impacto de meteoro deve ter formado buraco

RICARDO BANALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cratera interessa à ciência pois é uma espécie de "lata de lixo", segundo Claudio Riccomini, do Instituto de Geociências da USP. "É das poucas do hemisfério sul preenchidas", diz. Deve ter sido formada por um meteoro. Os cientistas ainda não têm prova concreta do crime, mas a hipótese é a mais plausível dada a forma da cratera.
Os sedimentos que recobriram a cratera ao longo do tempo preservaram registros da vida antiga no que viria a ser São Paulo. Essa sedimentação é uma valiosa referência aos geólogos. Quanto mais se cava, mais se volta no tempo. O pólen e os tipos de sedimentos indicam como eram clima e vegetação antigos: terreno argiloso indica época mais úmida; "fatia" arenosa mostra época de clima mais seco, com vegetação mais rala.
Estudo feito por Maria Lorscheitter, da UFRS, em uma profundidade de 7,5 a 6 metros, mostra a existência de vegetação de floresta típica de clima ameno. Posteriormente a temperatura foi esfriando. A partir de 28.000 anos atrás, a vegetação campestre foi substituindo a floresta.
Os registros ajudam a ciência a entender como poderá ser a alteração do clima, ainda mais diante de uma variável nova, a ação humana. A emissão de gases que aquecem o planeta, como dióxido de carbono, poderá agilizar uma mudança global no clima que, no passado, levaria mais tempo e seria registrada aos poucos, como na cratera paulistana. (RBN)

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