São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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Estudo analisa política da dívida

DA REPORTAGEM LOCAL

Não há obstáculos fixos no percurso de negociação da dívida externa. Qualquer estratégia para tratar do tema tem que levar em conta a conjuntura –complexa e flutuante– do sistema financeiro dos países envolvidos e sua inserção no cenário internacional. A tese é levantada na dissertação de João Paulo Candia Veiga em ciência política na Universidade de São Paulo: "Dívida Externa e Contexto Internacional".
Veiga analisou a política econômica externa da ex-ministra Zélai Cardoso de Mello e documentou em detalhes os fatores conjunturais que determinaram a renegociação da dívida. O mais importante porém é que a dissertação mostra que é impossível formular uma política econômica externa -especificamente em relação a débitos- sem levar em conta fatores momentâneos, como a crise do sistema de crédito imobiliário americano, por exemplo.
Segundo o próprio Veiga "...desde o início da crise da dívida, em 1982, o crédito dos bancos era sistematicamente rastreado pelo governo americano. isso significa que o comportamento dos bancos privados dos EUA é muito menos autônomo e voluntarista do que se supõe. Os elementos ortodoxos da legislação ... condicionaram o desempenho dos bancos na crise da dívida externa".
Isto é, uma crise doméstica, que ameaçava o sistema financeiro americano e a própria posição da economia dos EUA no cernário internacional, pressionou a política americana em relação ao pagamento da dívida do Terceiro Mundo. Os bancos preservavam seus interesses imediatos mas, "no entanto, esse objetivo se ligava aos objetivos mais gerais de preservação de um sistema financeiro sólido por parte do governo dos EUA".

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