São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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'Crusoés' preferem as ilhas à agitação

SERGIO SÁ LEITÃO
ENVIADO ESPECIAL A CAMBURI

Filas, engarrafamentos, praias lotadas. O Carnaval em São Sebastião e região pode ser estressante e há quem procure fugir das "neuras" com a obsessão de um enxadrista. Esses banhistas reclamam da "invasão de turistas bregas". Mas não abrem mão do sol e usam dos meios disponíveis para escapar da massa. E do barulho.
A melhor saída é o próprio mar. "Vou para a Ilha dos Gatos", diz, ainda na praia da Barra do Sahy, o médico Hélio Korkes. Ele põe os filhos e a mulher na lancha, veste a fantasia de Robinson Crusoé e se manda mar adentro, em busca de sossego. "A gente sai de barco exatamente por causa da agitação", explica. "Tenho casa no Sahy e só costumo ficar na praia durante a semana. Em feriado, não dá".
As ilhas próximas ao litoral ficam repletas de "Crusoés", com ou sem "Sextas-Feiras". Em frente à praia do Sahy, há duas ilhas conhecidas exatamente como "As Ilhas". Tem também a ilha das Couves, perto de Boiçucanga, e a ilha da Baleia, que empresta seu nome, oriundo da forma do seu morro, à badalada praia que separa Sahy de Camburi.
Quem não dispõe de lancha ou de iate pode apelar aos oito pescadores que alugam seus barcos na praia do Sahy. Eles ficam à espreita no ponto em que o rio chega ao mar, à esquerda de quem olha para as ilhas. Combram CR$ 3.500,00 por pessoa para uma viagem até a ilha mais próxima, dez minutos num mar agitado e perigoso, segundo os salva-vidas.
Os pescadores Cati e Robalinho fizeram quatro "viagens" cada um até as 12 horas de ontem. Os santistas Rubens Frederico e Wanda foram os primeiros. "Vamos passar o dia inteiro nas ilhas", conta Frederico. "Elas são ótimos refúgios em meio ao burburinho do Carnaval". Os banhistas gregários, porém, não compreendem os "Crusoés". "Eu gosto de praia cheia, badalada, onde você pode ver e ser vista", explica a modelo Claudia Molliet.
Mas os "Crusoés" não estão sozinhos. Os "sertões" da serra do Mar são excelentes "esconderijos" para adeptos da "Família Robinson", aquela da casa na árvore. No sertão de Camburi, a 3 km da praia, as paulistanas Sofia Calixto e Ana Novaes se escondem do Carnaval com um grupo de amigos. "Só descobrimos a festa ontem à noite, quando fomos a Boiçucanga", conta Calixto. "Aqui temos tranquilidade e ar puro."

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