São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994 |
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Bebeto e Romário vencem 'eleição'
MAURICIO STYCER
Os eleitores desse "ataque ideal" não poderiam ter melhor reputação: cinco ex-campeões mundiais, cinco jogadores em atividade nos melhores times do país, um cartola da nova geração e um ex-técnico do Corinthians (veja quadro). Todos, com exceção de Mário Sérgio, estavam como convidados no camarote da Brahma. Os "eleitores" estavam mais divididos sobre o esquema do ataque, se com dois, três, ou até mesmo com cinco jogadores, do que sobre quem deve atuar. Bellini, 63, que ergueu a taça, em 58, na Suécia, ainda está indeciso sobre ter dois ou três atacantes. "Depende do adversário. O importante é poder ter opções." Mauro Ramos, 63, o zagueiro central da Copa de 62, no Chile, tem certeza sobre o esquema tático: "Gostaria de ver o Brasil jogando em 4-3-3". Mauro ainda tem dúvidas sobre quem devem ser os três da frente, mas está seguro que o Brasil deve jogar para frente: "Basta um cabeça de área: Mauro Silva ou Dunga." Campeão em 70, o ex-rebelde Paulo Cesar "Caju", 45, faz uma apaixonada defesa pela inclusão de Dener no ataque da seleção: "Por que o Dener não é convocado? Porque tem muito preconceito no Brasil. No meu ataque não entra cabeça de bagre: só talento. Bebeto, Romário e Dener." Dener também foi mencionado por Bellini. Tímido, o atacante do Vasco evita comentar o entusiasmo de Paulo Cesar: "Não sonho em jogar. Sonho em ser convocado, em estar no meio deles. O Brasil tem grandes jogadores para a frente." Ex-crítico de Parreira, o capitão de 1970, Carlos Alberto Torres, 49, agora é um defensor entusiasmado do esquema defensivista do técnico da seleção: "O esquema deu certo nas eliminatórias. Então, deve ser mantido." O "furacão" da Copa de 70, Jairzinho, 49, se recusa a opinar sobre o ataque ideal: "Discordo dessa pergunta. Também sou técnico. Só quero que o Brasil volte a conquistar o título mundial." Entre os jogadores em atividade, a maioria se fez de bem comportada e evitou polemizar com Parreira –muitos se recusaram mesmo a opinar. Edmundo, 22, se assustou, mas respondeu: "Deve ser com Bebeto e Romário. Porque, dentro da filosofia do técnico, que joga com dois atacantes, esses dois são os melhores hoje". Edmundo conta, porém, com o apoio de seu colega de clube, o zagueiro Antônio Carlos: "Hoje, acho que seria Edmundo e Bebeto", responde de pronto. Mas Antônio Carlos, 24, acrescenta, mineiramente: "Ou Romário. Muller também é um bom jogador". Parreira, o alvo dessa discussão, reage com fleugma: "Cada um tem o direito de opinar. Fico feliz, claro, de ver que os mais votados formaram o ataque do último jogo das eliminatórias", disse. Sobre a possibilidade de alterar o seu esquema tático, Parreira manda o pessoal tirar o cavalinho da chuva: "Chegamos num ponto em que não dá mais para inventar. A Copa está aí, daqui a três meses". Próximo Texto: "Assim você vai me complicar!" Índice |
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