São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Zé Celso leva 'Mistério Gozoso' às ruas

HÉLIO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

Espetáculo: Mistério Gozoso à Moda de Ópera
Direção: José Celso Martinez Corrêa, com co-direção e iluminação de Cibele Forjaz
Quando: hoje, às 20h
Onde: na r. Floriano Peixoto, em frente ao Museu da Cidade (próximo à pça. da Sé e ao Pátio do Colégio)
Elenco: Christiane Tricerri, Walney Costa, Marcelo Drummond, Pascoal da Conceição, Jairo Matos, Ricardo Karma, Beatriz Azevedo e outros
Promoção: Articultura (co-patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura)

A usina de entusiasmo de José Celso Martinez Corrêa está a todo vapor. Às 20h de hoje, ele leva pela primeira vez à praça pública o rascunho de sua encenação de "Mistério Gozoso à Moda de Ópera", baseada em texto de Oswald de Andrade. O espetáculo vai acontecer sobre uma grande mesa, que se estenderá pela r. Floriano Peixoto, no centro histórico de São Paulo. O público vai assistir à peça em torno dessa mesa-passarela, como comensais de um banquete.
"Vai ser uma sagração do amor e da libido, mas não vai ter sexo explícito", disse durante ensaio no Teatro Oficina, irritado com a informação de que teria prometido sexo explícito em praça pública. "Não posso prometer sexo explícito nem para mim mesmo, muito menos em praça pública".
A apresentação de hoje encerra a "fase heróica" da montagem do texto, ensaiada em apenas uma semana. "O Oswald dedica o texto às senhoras católicas e aos michês. Eu dedico esta montagem aos compositores e músicos que queiram, a partir de agora, transformá-lo numa grande ópera de Carnaval", diz Zé Celso.
A idéia é criar partituras para os poemas de Oswald de Andrade e um espetáculo permanente, que seja apresentado todos os anos, durante o Carnaval. O professor de literatura e músico José Miguel Wisnik, que compôs quatro músicas para a apresentação de hoje, vê no texto de Oswald o "embrião de uma ópera brasileira". "Ele não soa como texto literário, mas como canção", diz Wisnik.
"O texto me pôs novamente em contato com o lado utópico e revolucionário do Oswald. Ele e Glauber são antenas da revolução revolução cultural brasileira", diz Zé Celso. Por isso, as cabeças de Oswald, Nelson Rodrigues e Glauber Rocha estão no cenário, em cartazes que lembram estandartes. "Queria também as cabeças de Cacilda Becker e Lina Bo Bardi, mas tive de cortar por economia", diz o diretor, que quer levar a peça para o Teatro Oficina, mas ainda não tem data de estréia.

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