São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Animar desenho

ZECA CAMARGO

Stimpy é um gato, mas não parece muito um gato. Até aí tudo bem, porque Ren é um cachorro, mas também não parece muito um cachorro. Na verdade ele é um chiuaua. Mas nenhum deles faz sentido. Ren e Stimpy formam a dupla mais cultuada dos desenhos americanos da fase pós-Simpsons –descontando, claro, Beavis & Butthead, que não são exatamente um melhoramento na "arte" da animação.
Ainda nos Simpsons, depois das tomadas cinematográficas (e temas "realistas") de Matt Groenning, nada é mais arrojado do que os trejeitos de "Ren & Stimpy". Como o próprio criador, John Kricfalusi, já declarou, a dupla nem é muito boa. É que o resto dos desenhos que andam pelas TVs é muito ruim. E infelizmente para os brasileiros, a vindoura "temporada de animação" de 94 vai mais uma vez negligenciar esse desenho.
Lançado pela TV a cabo americana Nickelodeon, "Ren & Stimpy" já nem pertence mais a Kricfalusi. Mas o crédito por ter inovado a ação dos "cartoons" é todo dele, já que antes os desenhos nem andavam merecendo o adjetivo de "animados".
Divididos entre a "escola Smurf" (dos bonzinhos) e a "escola He-Man" (onde "o mal" aparece com a "moral da história"), os desenhos andavam meio lobotomizados. Ren e Stimpy mudaram isso. Com intenções malvadas, espírito sacana e deboche impecável eles elevaram a tortura ao nível do prazer (visual).
E o melhor de tudo é a canção que permeia vários episódios "Happy Happy Joy Joy". Irritante, ela é o resumo da mensagem do desenho: Quer se divertir? Então vai ser à força!

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