São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Escolas fazem um 'Viva Rio' na avenida

FERNANDO MOLICA; JOÃO BATISTA DE ABREU
DA SUCURSAL DO RIO

O Rio foi o muso do Sambódromo. Seis das 16 escolas do Grupo Especial apresentaram enredos que enalteciam a cidade. No clima de "Viva Rio" coletivo, a Mocidade Independente de Padre Miguel encontrou belezas até nos 50 poluídos quilômetros da avenida Brasil, a principal via de ligação entre o centro da cidade e os bairros das zonas norte e oeste.
"Não houve nada premeditado. Foi uma coincidência, uma manifestação do inconsciente que veio em bom momento, já que a mídia anda dando umas porradinhas no Rio", afirmou Luiz Fernando Reis, carnavalesco da escola de samba Caprichosos de Pilares.
No ano passado, ele foi criticado por apresentar um carro alegórico em que um turista era assaltado por um pivete no Rio. Este ano, resolveu homenagear a avenida Rio Branco, uma das principais do centro da cidade.
O Ita, que, no ano passado, o Salgueiro pegou no norte, atracou no Rio e por aqui ficou. Neste ano, a campeã do Carnaval de 93 dedicou todo seu enredo à cidade onde o Ita acabara sua viagem.
A quadra da escola na Tijuca (zona norte) chegou a ser visitada pelos promotores da campanha "Viva Rio", animados com o marketing adicional.
Na madrugada de ontem, o Salgueiro apresentou o enredo "Rio de lá pra cá", um resumo da história da cidade acompanhado de uma louvação ao chamado jeitinho que, de brasileiro, foi transformado em exclusividade carioca.
Mar
Na noite de domingo, a Unidos da Tijuca mostrou uma inusitada intimidade com os prazeres e esportes do mar. Localizada na zona norte do Rio, o bairro onde fica a escola tem entre ele e o mar todo o maciço da Tijuca.
O tema, porém, fez bem à escola, que realizou um de seus melhores desfiles dos últimos anos. A cariocada da Unidos da Tijuca foi radical: na concentração, a escola esquentou sua bateria e o público ao som da música "Cidade Maravilhosa".
A opção pelo Rio também fez bem às escolas Caprichosos de Pilares e Vila Isabel. Há anos que a Caprichos não fazia um desfile tão bom. Os componentes da escola pareciam felizes em mostrar cenas do cotidiano carioca, como as passeatas, o Carnaval de rua e os camelôs da cidade.
A Vila Isabel foi ainda mais específica: falou de seu próprio bairro. O resultado foi um desfile leve, bem-humorado e que podia ser compreendido sem o auxílio de uma bula.
Azar
Campeã pela primeira vez em 1992 com o enredo "Paulicéia Desvairada", a escola de samba Estácio de Sá, na madrugada de ontem, passou longe da via Dutra e foi parar no Saara, área de comércio popular do centro do Rio dominada por árabes e judeus.
Os problemas com os carros alegóricos no final do desfile mostraram que, pelo menos para a Estácio, falar do Rio não foi um bom negócio. (Fernando Molica e João Batista de Abreu)

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