São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Bonecos são estrelas de novo programa

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma turminha de dez bonecos deverá repetir em 94 a façanha que os "sheep dogs" e vira-latas do "TV ColOsso" alcançaram no ano passado: desbancar as loiras de carne, osso e marketing que infestam os programas infantis da televisão brasileira. A trupe, desta vez, não usará crachá da Globo -nem terá cachorros como estrelas.
Coloridos e tagarelas, os novos personagens irão dividir com 12 atores as honras do "Castelo Rá-Tim-Bum", que a Cultura lançará na metade de abril, em horário ainda indefinido. Fazem parte da turma uma gralha xereta, um gato intelectual, uma cobra dondoca, um relógio irrequieto, um misto de duende com E.T., um dedo "fura-bolo", um solícito porteiro, um par de botas falantes e um sujeitinho resmungão, que lembra o Gugu do "Vila Sésamo".
Poucos infantis despertaram especulações tão prematuras na imprensa quanto o "Castelo". As primeiras notinhas pipocaram há mais de um ano, quando a Cultura iniciou a produção do programa. O burburinho explica-se, em parte, pelo véu de mistério que rodeia o produto: estrategicamente, a emissora usa conta-gotas para liberar informações sobre o "Castelo". Dá uma notícia hoje e guarda outras tantas no colete.
A maioria das especulações, porém, deriva do nome que a Cultura escolheu para o projeto. O novo programa carrega no título três sílabas respeitáveis: "Rá-Tim-Bum", onomatopéia que virou griffe de qualidade. Mesmo que não quisesse, o "Castelo" já faz parte de uma linhagem nobre. Nasce como herdeiro de um infantil que cultiva boa audiência desde fevereiro de 90, tem trilha sonora de Edu Lobo e levou uma medalha de ouro no 33º Festival de Televisão de Nova York.
Com patrocínio do Sesi (Serviço Social da Indústria), o novo programa se dividirá em 70 capítulos de 26 minutos. O público-alvo são crianças entre quatro e dez anos –que poderão extrair do "Castelo" noções de matemática, higiene e cidadania. O elenco inclui nomes de peso. Sérgio Mamberti interpretará Dr. Victor, cientista que protagoniza todos os capítulos. Rosi Campos também aparecerá diariamente, na pele da bruxa Morgana. Marcelo Tas e Angela Dip terão participações periódicas. As gravações começaram no segundo semestre de 93, com direção de Cao Hamburguer.
Em cada programa, três crianças –Luciano Amaral ("O Mundo da Lua"), Cinthya Rachel e Fredy Allan Galembecki– viverão aventuras dentro de um castelo, onde moram humanos e bonecos. Quatro rapazes darão voz e movimento à turma inanimada: o carioca Fernando Gomes, 33, e os paulistas Cláudio Chakmati, 29, Álvaro Petersen, 33, e Luciano Ottani, 22. Todos são "crias" do "Bambalalão", infantil que a Cultura exibiu entre 77 e 89. Pelo menos um personagem do programa marcou época, o leãozinho Bambaleão, fantoche que o ator Chiquinho Brandão transformou num hilário casanova. "Chiquinho nos ensinou tudo sobre manipulação de bonecos. Era um gênio", diz Gomes. O ator morreu há quatro anos, num acidente de carro.
Fernando Gomes entrou para a equipe do "Bambalalão" em 86, quando ainda estudava artes plásticas. "Comecei como tiete mesmo. Não perdia uma cena do programa." Certo dia, tomou coragem, fez um boneco (o Beleléu, flamenguista fanático) e o ofereceu à Cultura. "Eles gostaram e me pediram para manipular o personagem no programa." Gomes pegou gosto pela coisa e não parou mais. De quebra, acabou se casando com Silvana Teixeira, apresentadora do "Bambalalão".

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