São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Carta revela esquema de empresas na revisão

Grupo de lobistas monitora e apóia parlamentares

EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

O sofisticado plano de ação dos empresários na revisão constitucional acabou sendo remetido, por engano, a um dos principais adversários da privatização: o presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó. O documento, de 26 páginas, foi enviado com uma carta assinada pelo presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Jorge Gerdau Johannpeter, escolhido entre os empresários para coordenar o "lobby" na revisão.
No plano está traçada a estrutura organizacional da Secretaria, composta por um "Conselho Político" (integrado pelos presidentes das entidades empresariais) e por um "Comitê Executivo" dividido em cinco núcleos: inteligência, comunicação, operação, logística e redação. Na base, estãos chamados Grupos de Apoio Setoriais (GAS).
O plano identifica, em um quadro, as posições contrárias declaradas contra os interesses empresariais. Do público alvo –os 584 senadores e deputados–, se enquadram neste grupo os parlamentares do PT, PDT, PC do B, PSB e o PSTU. Além destes, o documento relaciona, por "problemas éticos", os deputados do PSD –envolvidos no escândalo de venda de filiações. Restam, pelas contas dos empresários, 475 parlamentares.
Esse número pode aumentar, dependendo da "análise de relações pessoais" dos dois grupos de excluídos. Um outro quadro, organizado por ordem alfabética de Estados, dá um perfil de cada um dos parlamentares –partido, se foi eleito ou reeleito em 1990, número de votos e cargo dentro do Congresso.
A Secretaria Técnica funciona no escritório de representação do IBS em Brasília. É integrada por 37 entidades empresariais, como a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A instalação do comitê executivo foi no dia 7 de outubro de 93. Entre as reuniões da entidade, foram registradas no plano duas reuniões com a Força Sindical e o Instituto Atlântico, que estão defendendo, através de anúncios nos principais veículos de comunicação, uma campanha pela quebra do monopólio estatal do petróleo.
A Folha procurou o presidente do IBS para que ele explicasse o funcionamento da Secretaria Técnica. A assessoria de imprensa da entidade informou que ele estava nos Estados Unidos.

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