São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Empresa usa 'mercado paralelo'

ADRIANA SALLES GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato a um emprego manda seu currículo para a Nestlé e curiosamente acaba sendo chamado pela Sadia. Sem saber, passou pelo "mercado paralelo" de currículos. Gerentes de seleção de centenas de empresas, como Antarctica e Avon, reúnem-se mensalmente em diversas associações de profissionais de recursos humanos e trocam currículos conforme suas necessidades. "Na Philco, também abrimos nossos cadastros para as agências de seleção", diz Isaura de Fátima Gonçalves, 38, coordenadora de recrutamento e seleção da Philco. Um currículo tende a passar por muitas mãos durante cerca de um ano.
Muitas dessas associações, formais e informais, são entidades com mais de três décadas de existência e mais de 200 empresas participantes. Sua prática de troca de currículos têm a mesma idade. As associações são normalmente divididas por grandes regiões da cidade, como a Associação dos Administradores de Pessoal de Santo Amaro, com 33 anos e 350 empresas associadas, o Grupo de Selecionadores da Zona Oeste e outros grupos do ABCD e de Guarulhos. Entidades de classe como a Associação Paulista de Recursos Humanos e a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal também fazem esse tipo de trabalho.
Essas entidades são mais conhecidas pelos cursos de aperfeiçoamento que oferecem aos sócios. Mas é na reunião do grupo de selecionadores, metade de um dia útil todo mês, que funciona o "mercado paralelo" de currículos. O profissional de uma empresa anuncia que precisa de pessoas com tais requisitos e pede aos colegas que passem currículos de pessoas com esse perfil que estejam em seus bancos de dados. Nos dias seguintes, os currículos são enviados.
Quando uma empresa vai demitir funcionários sem justa causa, também usa essas reuniões para recolocá-los em outras empresas. As vantagens são rapidez e economia de gastos com agências de seleção, por exemplo. (ASG)

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