São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Guga divide responsabilidade

PAULO D'AMARO
DA REPORTAGEM LOCAL

Artilheiro do Campeonato Brasileiro do ano passado, o centroavante Alexandre da Silva, mais conhecido como Guga, é a esperança de gols do Santos contra o Corinthians hoje à tarde. Aos 29 anos, casado com Jaqueline e pai de Taiene e Tainara, o atacante do Santos não se arrepende de ter faltado às provas do vestibular de veterinária, em 1984, para fazer um teste na Cabofriense, seu primeiro clube. "Estou realizado como jogador", diz o carioca Guga, que só pretende sair do futebol paulista se tiver uma oferta da Europa.
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Folha - Você acha que dá para ser artilheiro mesmo sem atuar nos primeiros jogos?
Guga - Não é a primeira vez que isso acontece. Todo ano é assim: ou problemas de contrato ou com o técnico. No Brasileiro, comecei sem contrato, depois fiquei na reserva. Só deslanchei depois do Antônio Lopes sair.
Folha - Como você gosta de jogar?
Guga - Meu forte é o cabeceio e a colocação na área. Eu sempre espero um erro do zagueiro, uma rebatida. Fico onde for maior a probabilidade de a bola ir parar.
Folha - Por que o Santos está "derrapando" neste ano?
Guga - Porque o time é novo. A própria diretoria disse que não tem pretensão de ganhar o título, mas sim de montar uma equipe para daqui a dois anos. Por isso, a equipe está cheia de jogadores jovens e bons, mas que ainda sentem o peso da camisa.
Folha - Muitos diziam que você fazia falta...
Guga - Não acho. Na minha opinião, os pontas e os jogadores do meio de campo também têm a obrigação de tentar fazer gols.
Folha - Por que o time está perdendo tantos gols?
Guga - Pelo nervosismo na hora de finalizar. Como já disse, os jogadores são muito jovens e sentem a cobrança da torcida. Alguns estão até com medo de chutar. Estou tentando mostrar a eles que é preciso arriscar.
Folha - Você acha que a diretoria deveria investir mais?
Guga - Sim. Existem vários jogadores de qualidade, mas isso não basta. É preciso ter jogadores de peso. Lembro que, nos primeiros jogos que fiz contra o Vasco, eu ficava olhando o Roberto Dinamite com o maior respeito, pois era meu ídolo. O novato sente esse tipo de inibição.
Folha - Seu novo contrato vai até o final do Paulista. Você pretende continuar no Santos?
Guga - Jogar aqui é uma honra e a minha vontade é de ficar. Mas depende muito das condições financeiras, pois eu já tive problemas para essa última renovação. A diretoria espera que apareça um grande patrocinador até a metade do ano. Eu torço para que isso aconteça.
Folha - Você acha que está na sua melhor fase?
Guga - Eu já tive uma grande fase no Equador e outra em Goiânia. Nas duas fui artilheiro. Mas esses três anos em São Paulo têm sido maravilhosos. Só troco pela Europa.
Folha - Você ficou decepcionado por não ter sido convocado para a seleção?
Guga - Eu esperava uma oportunidade, nem que fosse no banco. Sei que, mesmo fazendo uma boa campanha nesse Campeonato Paulista, minhas chances de ir praticamente não existem. Mas não estou chateado e torço muito para o sucesso dos que forem, pois isso abre caminho para outros irem jogar na Europa.
Folha - Qual o melhor modo para vencer o Corinthians?
Guga - É deixá-los sair para o jogo e procurar os contra-ataques, principalmente com o Macedo e o Kobayashi. E também torcer para que eu tenha a sorte de sempre contra o Corinthians.

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