São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 1994
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Sérvios se retiram e evitam ação da Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Terminou ontem, à 1h (hora local, 21h de Brasília), o ultimato da Otan para que os sérvios da Bósnia retirassem seus armamentos pesados de Sarajevo. Minutos antes, o enviado da ONU, Yasushi Akashi, disse que não havia mais necessidade de uma ação da Otan.
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Manfred Wõrner, anunciou que sérvios e muçulmanos "cumpriram as exigências" da aliança militar ocidental e que não haverá bombardeios. Mas afirmou que "a Otan continua determinada a impedir novos ataques sobre Sarajevo". O Conselho de Segurança da ONU manteve reunião informal no momento em que o prazo expirou.
Ainda durante o dia, Akashi havia dito que a neve poderia impedir que os sérvios retirassem todas as suas armas de Sarajevo. "Isto não é razão suficiente para iniciar bombardeios", afirmou Akashi, que tinha autoridade para pedir os ataques da Otan. De acordo com a TV CNN, pelo menos nove unidades de artilharia sérvias não estavam sob controle da ONU no momento em que se esgotou o prazo dado pela Otan.
O presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, porém, havia dito que os sérvios tiveram "tempo suficiente" (dez dias) para efetuar a retirada –e que a neve não poderia servir de desculpa. Em seguida, formalizou o pedido de seu país para que a Otan lançasse ataques aéreos contra as posições sérvias.
No último dia 10, a aliança militar ocidental decidiu dar até as 21h de ontem para que os sérvios da Bósnia retirassem seus armamentos em um raio de 20 km a partir do centro de Sarajevo. Do contrário, sofreriam bombardeios.
No final da semana passada, a Rússia obteve um acordo com os sérvios, que até então adotavam uma postura de desafio à Otan, para que retirassem os armamentos. Em troca, Moscou prometeu enviar 400 pára-quedistas a Sarajevo.
As tropas da Rússia chegaram ontem à periferia da capital bósnia e se posicionaram nas principais linhas de frente. Foram recebidas com festa pelos milicianos sérvios. Russos e sérvios, cristãos ortodoxos, são tradicionais aliados. Moscou procurou convencer os muçulmanos de que as tropas russas estarão sob comando da ONU.
"Amanhã (hoje) será um dia dedicado à verificação (da retirada sérvia)", disse o ministro da Defesa da Rússia, Pavel Gratchov. Tropas da ONU foram mobilizadas na área ao redor de Sarajevo para fazer esta verificação.
A ONU se recusa a dizer para onde estes armamentos estão sendo levados. Os muçulmanos temem que os sérvios estejam reforçando outras frentes, como o encrave muçulmano de Gorazde.
A Casa Branca anunciou conferência sobre a Bósnia em Bonn (Alemanha) para amanhã. Vão participar representantes de EUA, França, Reino Unido, Rússia, Alemanha, Bélgica e Grécia. O encontro ocorre a pedido da Rússia.

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