São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Reforma do plenário custa o triplo do preço

RUDOLFO LAGO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando teve a idéia de colocar vidros separando o plenário das galerias da Câmara, em setembro do ano passado, o presidente da Casa, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), acreditava que seria uma obra simples para ser executada em um mês. Já se passaram cinco meses da contratação da empresa Induspress, de São Paulo, e as galerias da Câmara dos Deputados continuam sem vidros. E o que custaria CR$ 28 milhões, agora já está orçado em CR$ 90 milhões (valores atuais).
O que parecia simples esbarrou numa série de problemas de engenharia que atrasam e encarecem a obra. Quando contratou a Induspress, o diretor-geral da Câmara, Adelmar Sabino, acreditava que a empresa simplesmente teria de levantar vidros do chão das galerias até o teto do plenário. Faria estruturas de metal para sustentar os vidros e só.
A Induspress descobriu que isso mataria sufocados os deputados. Os vidros simplesmente impediriam a circulação de ar no plenário. Hoje, os dutos do ar-condicionado têm saída pelo teto do plenário. O ar frio desce até o chão e sai, quente, por dutos que ficam exatamente debaixo das cadeiras das galerias. Sem uma modificação no sistema de ar-condicionado, o ar entraria, mas não teria por onde sair do plenário.
A Induspress, vencedora da tomada de preços feita pela Diretoria Geral da Câmara cobrando CR$ 28 milhões pela obra, agora promete concluir o trabalho no dia 18 de março por CR$ 90 milhões. "A inflação é responsável por parte do encarecimento, mas os percalços encontrados também ajudaram a elevar o preço", afirma Sabino.
"Buscar uma solução para esse problema provocou o primeiro atraso na obra", disse Sabino. Agora, os engenheiros terão de construir um novo duto de ar-condicionado, com a saída do ar quente também pelo teto do plenário. Resolvido o problema do ar-condicionado, os engenheiros esbarraram em outro percalço. Terminada a obra, o plenário estaria transformado num cilindro de vidro, provocando sérios problemas acústicos. O vidro não absorve o som, refletindo-o inteiramente. Assim, o eco dentro do plenário seria insuportável. O barulho seria tão grande que ninguém conseguiria entender o que se falasse ali dentro.

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