São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Grupo abre caminho para o gênero no país

PIERRE-JEAN CRITTIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Antes de se chamar Sens Unik, por volta de 1989, um rapper e um DJ da periferia proletária de Lausanne –Renens, para ser mais preciso– se inspiravam no rap norte-americano e em expressões francesas (Dee Nasty, Lionel D) e adotaram os nomes de MC Carlos e DJ Just One. O primeiro era um espanhol de segunda geração e o segundo, um suíço que trabalhava como DJ na rádio Couleur 3. Os dois então se reuniram e abriram os shows de Public Enemy e De La Soul.
Muito rapidamente, criaram um movimento que repercutiu por toda a Suíça. Cooptam um terceiro elemento (o rapper Rade) e entram em estúdio. O primeiro mini-álbum, "Le 6.ème Sens", foi gravado sem muitos recursos, vende 10 mil cópias, e o segundo, "Les Portes du Temps", bate o recorde local ao vender 20 mil cópias.
Estranhamente, apesar da barreira da língua, conseguem grande repercussão na Alemanha, onde abrem os concertos de Incognito. Resolvem então criar seu próprio selo, o Unik Record.
Sempre comparados ao grupo marselhês IAM (sua grande influência e talvez esta a causa da pouca repercussão na França), é possível reconhecer no Sens Unik dois grandes trunfos: o primeiro é a excelente presença de palco, que incorpora dançarinos, músicos, rappers e DJs. O segundo, é sua perfeição sonora e qualidade musical, seja sobre um palco, seja em seus discos. Eles sabem realmente dar a uma faixa um sabor e e uma cor particular. O Sens Unik abriu portas e foi seguido na Suíça por grupos como Silent Majority, Fabe, XTra Bass System e outros.
Em sua temática, o grupo não escapa dos problemas suíços, como a identidade nacional. Com um grande número de admiradores que encontrou em seu país natal, realmente não poderia fugir da questão. Além do que, o rap, idealmente, não é justamente uma música para se escapar das próprias fronteiras?

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