São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Trote pela vida

Tradição que no Brasil não raro se manifesta em sua forma mais violenta, o trote nas faculdades e universidades pode e deve mudar radicalmente. E pode até tornar-se uma excelente oportunidade não só para a integração civilizada entre calouros e veteranos como também para o exercício da cidadania.
É o que estão provando este ano diversas de faculdades e universidades brasileiras que decidiram criar o que está sendo chamado de "trote pela vida" ou "pela cidadania". Na verdade, trata-se de uma idéia muito simples e oportuna que, a um só tempo, visa a combater o excesso de violência que costuma marcar esse tipo de prática estudantil e contribui com inestimável ajuda para campanhas importantes.
Assim, em vez de arrecadar dinheiro unicamente para os diretórios e centros acadêmicos e para as cervejadas, os novos estudantes são encorajados a levar alimentos e organizar pedágios para obter recursos para a ação contra a fome do Betinho. Outras iniciativas como doar sangue também são incentivadas. Acredita-se que, como o trote é dirigido, reduz-se o espaço para atos de banditismo e vandalismo.
Ainda é cedo para avaliar os resultados concretos da experiência, tanto em termos de diminuição dos episódios de injustificável violência entre os estudantes como também de retorno material para as campanhas de cidadania. Mesmo assim, não se pode deixar de incentivar atitudes que procuram resolver um problema grave de excesso de barbárie em um grupo que, em sua grande maioria, não conhece as agruras da miséria ao mesmo tempo em que tentam minimizar os efeitos da pobreza sobre aqueles que a conhecem bem demais.

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