São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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SP decidirá entre Quércia e Fleury

CLÓVIS ROSSI

CLÓVIS ROSSI; TALES FARIA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

TALES FARIA
Orestes Quércia e o governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, concordaram em que a disputa entre os dois, se houver, pela indicação do candidato presidencial do PMDB se dará em São Paulo. A disputa será em uma convenção estadual do partido e não no âmbito nacional.
O entendimento parte da constatação de que não seria conveniente que dois políticos de São Paulo se oferecessem à convenção nacional como candidatos a candidato.
A batalha do PMDB, com isso, fica transferida para São Paulo, motivo pelo qual parlamentares e lideranças peemedebistas iniciaram ontem mesmo um movimento para que Fleury aceite enfrentar Quércia.
Representantes de seis bancadas estaduais (MG, PR, SC, RS, BA e ES), reunidos ontem, decidiram dar apoio a Fleury, a partir do pressuposto de que a vitória de Fleury sobre Quércia eliminaria do cenário um fator conturbador, o próprio Quércia, e permitiria ao partido escolher entre o governador paulista e o deputado Antônio Britto (RS).
Falta, agora, que Fleury aceite o combate frontal com seu ex- padrinho político. O senador Pedro Simon (RS), líder do governo no Senado, abriu ontem seu voto para Fleury, ao passo que o líder na Câmara, Tarcísio Delgado, preferia fazer um apelo para que Britto decida disputar a Presidência.
"Tem que aparecer um candidato para derrotar o Quércia. Não é bom para o partido nem para o Brasil ter como candidato alguém que vai ter que explicar o seu passado a todo instante. Por isso, é muito importante que Britto assuma agora sua candidatura", disse Delgado.
Tudo indica que o apelo cairá no vazio. A Folha apurou que Britto recusa-se a disputar com Quércia no terreno em que este colocou a campanha. O tom das acusações do ex-governador, não só a Britto mas a outros políticos, assusta os que se dizem éticos e, portanto, desabituados a esse linguajar.
A hesitação de Britto deixa Fleury como única alternativa real a Quércia, embora o governador do Paraná, Roberto Requião, já tenha decidido concorrer à convenção nacional, sabidamente sem chances.
Se o governador paulista decidir mesmo enfrentar Quércia, suas chances de vitória numa convenção estadual são consideradas remotas pelo deputado Roberto Rollemberg, presidente do PMDB-SP e que está funcionando como mediador entre os dois caciques partidários. "No confronto aberto, o Quércia ganha, sem dúvida", acha Rollemberg, teoricamente o melhor conhecedor da máquina peemedebista de São Paulo.
Seja como for, o fator Quércia já produziu ao menos um resultado no cenário sucessório global: inviabilizou as negociações entre PMDB e PSDB para uma eventual coligação, que teria Britto ou Fernando Henrique Cardoso como candidato.
"A presença de Quércia é um obstáculo intransponível", avalia Mário Covas (SP), líder do PSDB no Senado. O senador paulista aproveita para alfinetar Quércia, ao comentar a frase do peemedebista segundo a qual vai passar como um trator sobre seus adversários. "Ele fala tanto em passar como um trator que só pode ser o candidato das empreiteiras", ironiza Covas.

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