São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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Data-base define se salário ganha ou perde

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os salários reais médios nos últimos quatro, oito ou doze meses não apresentam grandes diferenças. Em relação ao salário real de março, estimado com inflação de 40% em fevereiro e março, a conversão pela média já no próximo dia 1.º resultaria em perda para categorias pertencentes aos grupos B e C e ganho para os grupos A e D.
Essas foram as conclusões de uma simulação feita pela Folha para assalariados que, no primeiro reajuste quadrimestral a partir de março de 93, ganhavam CR$ 10.000 (ou 10 milhões em cruzeiros daquela época). De março de 93 a fevereiro de 94 receberam as antecipações e reajustes quadrimestrais pelo FAS (Fator de Atualização Salarial), sem aumentos por produtividade na data-base.
O grupo A reúne categorias com data-base em janeiro, maio e setembro; o grupo B, em fevereiro, junho e outubro; o grupo C, em março, julho e novembro; e o grupo D, em abril, agosto e dezembro.
Os salários nominais em cruzeiros reais foram convertidos para dólar pelo câmbio comercial (venda) no último dia do mês de competência, ou seja, utilizou-se o conceito de caixa. Os salários em dólar de cada um dos grupos não são comparáveis porque, nos cálculos, o mesmo salário nominal de CR$ 10.000 foi considerado para meses distintos.
Supondo que os salários sejam convertidos para a URV (dólar) em março, estimou-se, para efeito de comparação, qual seria o valor real se eles não fossem convertidos e recebessem, no caso do grupo C, reajuste quadrimestral de 268% (sem descontar as antecipações) no próximo mês, e nos demais grupos, antecipação de 30%.
Nos grupos B e C, os salários reais no final de março, com inflação de 40%, seriam mais elevados que as médias em quatro, oito ou doze meses. Perderiam menos, mesmo com inflação de 40%, se nada fosse mudado nas regras de reajuste. Já nos grupos A e D, o salário real em URV ou dólar no final de março seria mais elevado.
Em qualquer simulação, as médias resultam inferiores ao salário de pico, mesmo no conceito de caixa, porque este é recebido apenas quatro vezes por ano. Não reflete o poder aquisitivo do assalariado. (Gabriel J. de Carvalho)

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