São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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CUT aprova proposta de greve

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; GUSTAVO PATÚ
DA REPORTAGEM LOCAL

GUSTAVO PATÚ
Em reunião realizada ontem, a direção executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Estadual São Paulo aprovou a proposta de realizar greves por categorias e por tempo indeterminado no Estado contra qualquer perda na conversão dos salários em URV (Unidade Real de Valor). O presidente da CUT Nacional, Jair Meneguelli, encontrou-se ontem com o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e também colocou a possibilidade de greve. "Se houver perdas, podemos decidir inclusive pela paralisação", disse.
A CUT Estadual São Paulo tem plenária dos 270 sindicatos filiados amanhã, quando pretende colocar a proposta da executiva em debate. O secretário-geral da entidade, Antonio Sousa Ribeiro, o Trampolim, destacou que a idéia da executiva é iniciar paralisações por categoria, que podem se transformar em greve geral. "Em todos os planos econômicos, os salários sempre tiveram perdas."
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, disse que pretende aceitar a proposta da CUT Estadual. "Estamos fazendo assembléias nas fábricas todos os dias e na sexta-feira temos uma assembléia geral no sindicato. Se tiver perdas, vamos parar", disse.
Vicentinho conseguiu marcar audiências com o presidente Itamar Franco, FHC e o ministro do Trabalho, Walter Barelli, para amanhã. Pretende discutir salários, câmara setorial do setor automobilístico e URV.
A possibilidade de greve também foi debatida pela CUT Nacional em reunião em Brasília ontem pela manhã. "Tudo vai depender do que acontecer com os preços", disse Meneguelli. A CUT Nacional decidiu adotar a seguinte postura: a atual política salarial já gerou perdas nos últimos doze meses e a inflação continuou em alta; os mecanismos de proteção aventados pela equipe econômica somente atenuam novas perdas; e há necessidade de elevação real do mínimo.
O ministro da Fazenda disse a Meneguelli que os salários podem ser convertidos pela média de quatro, oito ou doze meses. Esse prazo constará da medida provisória de criação da URV, que pode ser baixada já na segunda-feira.
Segundo o ministro, o período para o cálculo da média salarial terá de levar em conta a atual política de acertos quadrimestrais dos salários e por isso será múltiplo de quatro. Após a reunião, Menegueli admitiu a possibilidade de conversão dos salários pela média, desde que não houvesse qualquer perda em relação à atual política.
FHC procurou convencer Menegueli de que os trabalhadores não terão perdas salariais com a implantação da URV. Segundo a Folha apurou, o ministro e o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, ofereceram alternativas que vão desde o cálculo da média salarial pelos últimos quatro meses até a correção diária do valor dos salários –insistindo que a MP ainda não está concluída e poderá ser negociada no Congresso.

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