São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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PMs serão julgados por morte de garotos

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor Franco Caneva Junior, da 3ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar (TJM), denunciou ontem criminalmente seis policiais militares pelo assassinato de Frankerley Pereira da Silva, 16, Rubens Cunha Filho, 15, e Emérson Fabiano dos Santos, 15. O crime aconteceu na madrugada de 25 de abril de 92, na Água Funda (zona sul de São Paulo).
O caso foi denunciado à Folha em setembro passado pela mãe de Frankerley, Joselina Pereira da Silva, 35, e pelo Conselho de Cidadania da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil-Seção São Paulo). A mãe e o repórter que acompanhou o caso passaram a sofrer ameaças de morte. Uma semana depois, dois homens armados com um estilete tentaram matar Joselina.
Segundo a denúncia do promotor, o cabo Oswaldo Luiz Gonzaga de Oliveira e o soldado Ari Pinto de Moraes abordaram os três adolescentes na praça Monsenhor Silveira Camargo, na Água Funda. A promotoria tem o depoimento de duas mulheres que passavam pela praça e testemunharam a prisão. Segundo elas, os dois policiais revistaram os rapazes e os espancaram com chutes.
Em seguida, eles teriam empurrados os adolescentes para dentro do carro da PM. Com isso, um documento que Frankerley levava caiu de seu bolso. Após os rapazes serem levados no carro, as testemunhas pegaram o documento no chão. Três horas depois, os PMs, segundo a denúncia, "forjaram uma suposta troca de tiros com os menores" através do rádio da PM para justificar o assassinato dos três adolescentes.
Para tanto, os dois policiais teriam sido auxiliados pelo tenente Alexandre Laterza, pelo cabo Simétrio Alberto Silva e pelos soldados Marcelo Teixeira Pinheiro e Wagner Moreno. Os rapazes apareceram dentro de um Chevette furtado, cada um com um revólver na mão na alameda dos Boninas (Água Funda).

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