São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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'Menino Maluquinho' vira longa-metragem

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Procura-se um garoto de oito anos, que tenha vento nos pés, "macaquinhos no sótão" e o olho maior do que a barriga. Assim que o encontrar, o cineasta mineiro Helvécio Ratton começará as filmagens de "O Menino Maluquinho". Com 90 minutos, o longa se baseia no livro infantil homônimo que Ziraldo escreveu e ilustrou há 14 anos. Terça-feira, em Belo Horizonte, Ratton e o produtor Tarcísio Vidigal iniciam os testes para escolher o ator que interpretará o pequeno herói (veja texto nesta página). "Estamos à caça de um rosto novo. Vamos procurá-lo, primeiro, em Minas. Depois, no Rio e São Paulo. Não queremos um garoto de comercial, que faça o filme entre uma propaganda de iogurte e outra", diz Vidigal.
O livro de Ziraldo é um dos maiores sucessos que a literatura brasileira já produziu. Quando o publicou, no início de 1980, a Editora Melhoramentos não imaginava que uma história para crianças pudesse vender um milhão de exemplares em pouco mais de uma década. "O Menino Maluquinho" provou que pode. Catorze anos depois do lançamento, o livro está na 48ª edição e em outros oito países: Espanha, Itália, França, Portugal, Chile, Argentina, Uruguai e México. Só no Brasil, vendeu 1,35 milhão de exemplares e virou gibi.
"Tive a idéia de levá-lo para o cinema já em 1980", conta Tarcísio Vidigal –que, à época, comandava uma rede de sete supermercados na capital mineira. "O livro vendia como água. Quase todos os meus clientes compraram pelo menos um exemplar." O fenômeno mercadológico impressionou o comerciante. "Procurei, então, o Ziraldo e lhe propus o longa." Somente no Natal de 1988 é que o produtor recebeu sinal verde do desenhista. "Demorei para dar a resposta porque, de início, imaginava que o livro não renderia um bom filme", explica Ziraldo.
Vale dizer que, quando o cartunista tomou a decisão, Vidigal já provara ser mais do que um comerciante esperto. Entre 1985 e 1986, produzira "A Dança dos Bonecos". O longa do diretor Helvécio Ratton sustenta ainda hoje a fama de melhor infantil do cinema brasileiro.
O próprio Ziraldo encarregou-se de escrever o roteiro do novo filme. "É um trabalho muito pretensioso. Quero superar o sucesso de 'E.T.' ", ironiza. O cartunista diz que "O Menino Maluquinho" terá a poesia do sueco "Minha Vida de Cachorro" e o ritmo ágil do norte-americano "Esqueceram de Mim". O enredo irá girar em torno de um garoto que, de repente, precisa enfrentar a separação dos pais. "Como o livro, o filme não contará uma história de mistério ou aventura. É, antes de tudo, o retrato de um caráter. O retrato de um menino com problemas, mas feliz", define Ziraldo.
Patrocinado pelo governo de Minas e pelo Pólo de Cinema e Vídeo do Distrito Federal, o longa custará aproximadamente US$ 1 milhão. Tarcísio Vidigal pretende lançá-lo em dezembro. No elenco, estão Patrícia Pillar, Daniel Dantas e Luiz Carlos Arutin. Belo Horizonte e Tiradentes servirão de cenário para as filmagens, que começam em maio. (Armando Antenore)

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