São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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Família quer provar que filme não é ficção

ANA MARIA BAHIANA
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Ron Nyswaner, Jonathan Demme e o produtor Scott Rudin –que participou do projeto "Filadélfia" desde seus primeiros estágios, mas não trabalhou nele até o fim– estão sendo processados pela família de Geoffrey Bowers, um advogado que morreu com Aids em 1987, aos 33 anos, depois de lutar na Justiça durante um ano alegando ter sido injustamente depesdido de sua firma por ser portador do HIV. A família de Bowers está exigindo cerca de US$ 1 milhão em perdas e danos, mais uma participação na bilheteria do filme, que, segundo eles, conta a história de Geoffrey, e não de um fictício personagem chamado Andrew Beckett.
O enredo atrás do processo é complicado. De fato, em 1988, o produtor Scott Rudin leu sobre o caso de Bowers nos jornais e entrou em contato com a família, com a idéia de fazer um filme baseado em sua luta (Bowers, como Beckett no filme, venceu no final mas, ao contrário do personagem fictício, não viu sua vitória, pois o veredito só foi emitido em 93). Contudo, ao levar o projeto à produtora Orion –onde Jonathan Demme tinha um contrato– Rudin recebeu uma boa e uma má notícia: Demme adorava o projeto, mas não ia com a cara de Rudin.
Dois anos depois, Demme conseguiu realizar seu projeto, já em outro estúdio (a Orion faliu em 92), sem Rudin e, portanto, sem o contato com a família Bowers. O advogado Tom Stoddard, um especialista em casos de discriminação contra portadores de HIV, que atuou em "Filadélfia" como consultor, diz que a família Bowers está movida "por ganância", e que o processo "não tem fundamento legal". Stoddard diz que o filme se baseia "em vários casos verídicos de discriminação". A família de Bowers, contudo, diz que o roteiro de "Filadélfia" está repleto de detalhes e até diálogos que apenas os parentes de Geofrey poderiam saber.
O fato, porém, é que não existe um único pedaço de papel estabelecendo a venda dos direitos –para Rudin, Demme ou quem quer que seja. O que, em termos legais, deve garantir a "Filadélfia" o status de ficção. (Ana Maria Bahiana)

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