São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994 |
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Fleury diz que não deve lealdade a Quércia
EMANUEL NERI
"Traição seria o governador de São Paulo não se credenciar como eventual candidato a presidente da República. Seria traição a seus eleitores", afirma Fleury. O governador discorda do exclusivismo com o qual Quércia quer caracterizar sua candidatura no PMDB. "Sou contra todo tipo de monopólio', declarou. "Não sou candidato mas tenho todo o direito de, se quisesse, pleitear minha candidatura". A tensão entre Quércia e Fleury atingiu seu ponto crítico após as declarações do ex-governador paulista. Além de chamar Fleury de traidor, Quércia pôs dúvidas sobre sua conduta moral. "O aspecto moral, ético, não sei se ele (Fleury) tem", disse. O ex-governador afirmou, na mesma entrevista, que se tiver menos de 90% dos votos dos peemedebistas de São Paulo, abre mão de sua candidatura em favor de Fleury. "A base dele está comigo". Rendição A crise entre Fleury e Quércia pode levar ao rompimento entre os dois. O governador tem evitado se estender em análises sobre o comportamento de seu antecessor. Mas seus auxiliares dizem que sua tolerância com a pressão quercista para apoiá-lo está chegando ao limite. Na opinião deles, Quércia vê Fleury como um subalterno, de quem quer apenas rendição e não apoio. Eles classificam como agressivas algumas atitudes de Quércia contra o governador. Citam, como exemplo, a declaração irônica de que contribuíra com uns "três votinhos" para eleger Fleury. Os auxiliares do governador afirmam que nem sempre o apoio de Quércia é suficiente para eleger alguém –prova disso, segundo eles, foi a derrota de José Aristodemo Pinotti para prefeito de Campinas (SP), principal base quercista, em 1992. Outro momento considerado duro foi a ameaça de retaliação contra Fleury. Os quercistas já ameaçaram divulgar dossiê contra Frederico Pinto Coelho Neto, o "Lilico", irmão do governador, caso Fleury não apóie seu antecessor. Os fleuryzistas também se queixam da declaração do ex-governador de que não apoiaria Fleury, caso ele disputasse a convenção do PMDB. "O candiato sou eu", disse Quércia. O governador considerou a frase "infeliz". Por último, vieram as declarações sobre traição, consideradas graves pelo Palácio dos Bandeirantes, e suficientes para levar ao rompimento entre os dois. Texto Anterior: Ministra não consegue explicar o bilhete do seu marido ao DNER Próximo Texto: 'O governador é meu amigo' Índice |
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