São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Terceiro ano de vida é período delicado

DA REPORTAGEM LOCAL

O período entre dois e três anos de idade é emocionalmente delicado para a criança, afirma Tai Castro, terapeuta especializada em relações familiares. Segundo ela, até atingir a idade de dois anos, a criança se vê quase que totalmente acoplada à figura da mãe.
"A relação é tão intensa que até dormindo o bebê se sente como se ainda estivesse dentro dela", diz. Superada essa fase, a criança começa a perceber que não faz parte daquele corpo. É quando passa a se enxergar como um ser dissociado da mãe.
"Nesse período, então, tem início o processo em que ela vai começar a construir a sua identidade, seu ego. Ao mesmo tempo, vai também ter de romper, se distanciar", afirma.
Faz parte dessa transição uma espécie de "treinamento" para a separação, explica a terapeuta. Assim, é normal a criança começar a falar e brincar sozinha, exercitando o domínio sobre o "novo ser" que descobre.
A terapeuta afirma que, embora normalmente a passagem do "ser acoplado" para o "ser dissociado" se dê de maneira tranquila, há casos em que ela provoca reações mais violentas por parte da criança.
Essas reações podem ir do simples aumento da vulnerabilidade a sentimentos como o ciúme do irmão mais novo ou até mesmo evoluir para situações mais dramáticas, como quando, por exemplo, a criança concretiza ou tenta concretizar o desejo de eliminar a causa do seu ciúme. Um paciente da terapeuta, com dois anos de idade, chegou a empurrar o irmão caçula do alto de uma escada.
A suavidade ou agressividade do processo de transição, segundo a terapeuta, depende fundamentalmente da maneira como se organiza a família à qual a criança pertence.
A atitude dos pais frente a essas mudanças é fundamental para o desfecho do processo, diz Tai Castro. "Os pais devem estar preocupados em facilitar a passagem da criança para a sua nova fase, evitando transformar-se, até inconscientemente, em empecilhos para a transição".
Independência
Fisicamente, o período entre dois e três anos de idade também é a fase em que a criança começa a exercitar sua independência. Segundo o pediatra Sérgio Antonio Bastos Sarrubbo, 45, um bebê com essa idade –desde que normal e saudável– já se alimenta, se despe e coloca sozinho seus sapatos.
Locomove-se com mais desenvoltura, é capaz de subir e descer escadas sem ajuda e pode participar da rotina doméstica auxiliando os adultos em tarefas simples, como trazer e levar objetos, empurrar o carrinho do irmão mais novo etc.
Embora a habilidade psicomotora varie de indivíduo para indivíduo, em geral, nessa idade, a criança também já está apta a fazer exercícios físicos, como arremessar uma bola para o alto ou pular.

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