São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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'Gil e Jorge' é reeditado

HÉLIO GOMES

O resgate da fase inicial de Gil traz uma atração especial, o maravilhoso "Gil e Jorge". O disco ganha uma nova edição brasileira após mais de uma década de esquecimento. Trata-se do registro de um momento ímpar na história dos dois músicos. A improvisação pontua cada uma das nove canções, escolhidas do repertório de cada um dos dois.
A concepção do disco surgiu durante um jantar na casa do produtor e ex-diretor da Polygram André Midani. A idéia era entrar no estúdio e gravar o que a dupla quisesse, sem preocupações formais ou de qualquer outro tipo. Em uma semana, os 79 minutos de "Gil e Jorge" estavam gravados.
Lá estão "Quem Mandou (Pé Na Estrada)" e "Taj Mahal", de Ben, e "Essa É Pra Tocar no Rádio" e "Jurubeba", de Gil, em versões longas e espontâneas. A única música inédita é a semi-instrumental "Sarro". Como o nome diz, uma viagem mútua, que de certa forma define o espírito do disco. Armados de seus violões e resguardados pela percussão de Djalma Corrêa e o baixo de Wagner, Ben e Gil tecem mantras marcados pela sobreposição de suas vozes, afiadas como nunca.
O melhor momento do disco é a versão de "Filhos de Gandhi", que ganhou uma dose extra de sentimento graças à integração de ambos ao movimento da consciência negra. "Gil e Jorge" registra um encontro que nunca se repetiu e nunca se repetirá. A reedição de um encontro com tamanha intensidade e liberdade é impossível. Hoje, Gil e Benjor devem saber disso. (Hélio Gomes)

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