São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Lisboa vira hoje capital cultural da Europa

DANIEL PIZA
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Movida lisboeta. Lisboa non-stop. Assim está sendo descrito na capital portuguesa o dia de hoje, dia da abertura oficial de "Lisboa 94". A partir de hoje, a cidade é a capital européia da cultura em 1994. Os eventos começam às 9h e avançam pela madrugada de domingo, sem interrupções (veja destaques da programação nesta página), de sessões solenes para festas na rua e vice-versa.
A abertura de gala cabe à Orquestra Sinfônica de Londres, regida pelo húngaro Georg Solti, às 21h30. O pianista, português, é Pedro Burmester e no programa estão o "Concerto para Piano nº 5" de Beethoven e a "Sinfonia n.º 5" de Tchaikovski. O presidente Mario Soares estará presente ao Coliseu dos Recreios, que foi restaurado para a ocasião.
A "movida lisboeta" de hoje dá início a um ano de atividades culturais intensas e internacionais. Eventos como o último filme do cineasta alemão Wim Wenders, "Lisbon Story" (outubro), têm estréia aqui. Ao todo, 35 locais da cidade estão envolvidos com "Lisboa 94", que se encerra oficialmente em 18 de dezembro.
Mas nem tudo são rosas no jardim da Europa à beira-mar. Os principais jornais portugueses, como o "Independente", estão caprichando nas ironias a "Lisboa 94". Dizem que é mal organizada porque feita em cima da hora. A reforma de alguns espaços importantes, como o Pavilhão do Rossio, ainda não terminou. Algumas verbas –o orçamento total é de US$ 60 milhões– não foram viabilizadas até agora.
Os lisboetas ecoam o cinismo dos jornais e não parecem estar entusiasmados em ser capital cultural da Europa por um ano. Mas gostam de se dizer europeus repetidamente –artigos em jornal relembram versos de "Camões" referindo-se a Portugal como "cabeça da Europa". As farpas se dirigem mais contra a organização do evento, em especial contra o acesso restrito a certos espetáculos, como a apresentação da Orquestra Sinfônica de Londres hoje, exclusiva para convidados.
O taxista José Simões, por exemplo, acha que os lisboetas estão meio indiferentes porque "o país está em recessão desde o ano passado". Por outro lado, o coordenador do evento, o economista Vitor Constâncio, diz que, apesar de os recursos terem sido menores do que os previstos, "tem havido um apreciável aumento de oferta cultural na cidade nos últimos tempos". Lisboa é também a sede da última Feira Mundial do Milênio, em 1998.

O jornalista DANIEL PIZA viaja a convite do ICEP (Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal)

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