São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Bolsa de apostas; Choque baiano; Sem canal; Agenda alternativa; Tempo para as urnas; Balança petista; Candidatura à vista; Rebatendo; Mal entendido; Tabela errada; De plantão; Donos da voz; Ameaça vazia; Troca de eixo; Palpite; Na rota das MPs; Aviso aos navegantes; TIROTEIO; Memória prodigiosa

DE PLANTÃO

Bolsa de apostas
Cresce na bancada do PSDB a simpatia pelo nome de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) como vice na provável chapa presidencial de FHC. Líder de seu partido, o deputado pefelista tem ajudado muito na votação do plano.

Choque baiano
O maior obstáculo para a chapa FHC-Luís Eduardo está na Bahia. O PSDB local vive em guerra com ACM, pai do deputado pefelista. Outro problema é que nem toda a cúpula tucana se entusiasma com a idéia de uma aliança com o PFL.

Sem canal
Parlamentares tucanos favoráveis ao acordo com os pefelistas argumentam que outros partidos com os quais poderia haver conversa lançarão candidatos próprios à Presidência. É o caso do PT, do PMDB, do PDT e do PPR.

Agenda alternativa
José Sarney começa a dar sinais de que não disputará a indicação do PMDB para a candidatura presidencial. Marcou uma visita à ONU para meados de maio, quando ocorre a convenção do partido.

Tempo para as urnas
Os líderes da Câmara já avisaram a Inocêncio Oliveira que não aceitam uma agenda de trabalho que afete o recesso de julho. Desde 91, votações e CPIs invadem o mês. Com as eleições, todos querem tempo para a campanha.

Balança petista
Os ortodoxos do PT paulista vão lançar o presidente estadual do partido, Arlindo Chinaglia, a deputado federal. O objetivo é elegê-lo para contrabalançar a atuação de moderados como José Genoino e Aloizio Mercadante.

Candidatura à vista
Vai se intensificando a romaria de tucanos à casa do ex-vice presidente Aureliano Chaves. O apelo é para que dispute o governo de Minas pela legenda. Acham que só ele pode bater Hélio Costa (PP), atual líder nas pesquisas.

Rebatendo
Os prefeitos Lídice da Matta (Salvador), Tarso Genro (Porto Alegre), Magalhães Teixeira (Campinas) e Dante de Oliveira (Cuiabá) articulam movimento contra a transferência de encargos para municípios na revisão.

Mal entendido
FHC atribuiu ontem a um erro técnico dos assessores do Ministério do Trabalho as divergências entre a Fazenda e o ministro Walter Barelli em relação à conversão dos salários em URV. "O plano não muda", disse o ministro.

Tabela errada
Segundo FHC, a tabela de conversão que foi entregue a Barelli tinha um erro básico: não dizia que os salários serão fixados pelo dólar do dia do recebimento. Comentário de FHC: "Uma incompetência fora de série".

A equipe econômica e o ministro FHC passaram a manhã de ontem reunidos na Fazenda atendendo telefonemas. A ordem era uma só: tentar convencer Barelli e os militares de que as perdas do funcionalismo seriam irrisórias.

Donos da voz
O estudo da equipe econômica sobre a conversão pela média dos salários deu atenção especial à realidade dos metalúrgicos. Isso porque a categoria controla a direção das maiores centrais sindicais.

Ameaça vazia
A ameaça de FHC de liberalizar as importações para punir quem pratica aumento abusivo de preços pode dar em nada. Um produto contratado não chega ao mercado antes de 60 dias, prazo suficiente para o plano ir pelo ralo.

Troca de eixo
Parte da equipe de FHC discorda da tese de que a definição do salário mínimo deva acompanhar a regra de conversão dos salários pela média. Defendem que o valor atenda apenas à capacidade financeira da Previdência Social.

Palpite
Geraldio Alckmin (PSDB), especialista em Previdência, está convencido de que a conversão de aposentadorias e pensões para a URV vai dar aos beneficiários a correção que sempre quiseram. "Serão os grandes beneficiados."

Na rota das MPs
Delfim Netto (PPR-SP) está pessimista com a revisão: "Já fomos atropelados pelo Fundo Social e agora seremos pelas medidas provisórias da URV e do Real. Não há revisão que resista."

Aviso aos navegantes
Betinho, d. Luciano Mendes e Aristides Junqueira vão encabeçar um manifesto de alerta sobre o uso da máquina do Estado nas eleições. Querem os eleitores atentos.

TIROTEIO
- Não é possível que 150 parlamentares desapareçam de um dia para outro. Ainda mais quando o dia seguinte é uma quinta-feira, com muito trabalho a ser feito.

Memória prodigiosa
O senador amazonense Áureo Mello (PRN) trocou a inauguração do sambódromo de Gilberto Mestrinho por uma estrada na casa da família do poeta J.G. de Araújo Jorge, no Rio. Piadista militante, Mello, um sexagenário de cabelos grisalhos e barriga protuberante, queria apenas descansar e refletir.
Correligionário e amigo do ex-presidente Fernando Collor, o senador não se sentia animado para brincar o Carnaval. Afinal, ele e seu grupo haviam experimentado um ano de derrotas e estão entrando num ano eleitoral sem a menor segurança do que lhes reserva as urnas.
Estava assim o senador recolhido a seu canto, sem confete e serpentina, quando um dos anfitriões lhe atirou sobre o colo os jornais do dia. E fez aquilo com um gesto brusco e uma fala de repreensão:
– O senhor já viu o papelão que o Itamar fez na avenida?
Mello colocou os óculos e pegou um jornal. Era a mais escandalosa das fotos, envolvendo o presidente e Lílian Ramos. O senador, incrédulo, aproximou um detalhe da foto de suas lentes e concluiu:
– Meu Deus, se não me falha a memória, isto aí é a dita cuja.

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