São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994 |
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Uma luz no fundo do túnel
ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES Já era hora de o Brasil partir seriamente para a estabilização da sua moeda. Só assim podemos pensar em retomar o desenvolvimento. É inaceitável ver o país na traseira na lista dos principais indicadores sociais (ver tabela).Em matéria de educação, a maioria dos países dá um banho em nós. Enquanto que o Canadá e a França, por exemplo, têm 99% da sua força de trabalho com educação secundária, no Brasil, isso não chega a 40%. Na Suécia, Japão e Hong Kong publicam-se, diariamente, mais de 500 jornais para 1.000 habitantes; no Brasil, apenas 54. Em compensação, disputamos bem em criminalidade e mortalidade infantil. No crime, só perdemos para o México; e na mortalidade, apenas para a Índia. Esta, no Brasil, é quase 12 vezes mais alta do que no Japão; a criminalidade é 42 vezes maior! Esses números são vergonhosos. Por sua vez, não há como resolver tais problemas sem crescimento, assim como não há como crescer sem curar a moeda. Pela primeira vez, temos um plano econômico que parte de um déficit zero e de uma generosa reserva de US$ 33 bilhões de dólares. É meio caminho andado. O Congresso Nacional agiu bem ao contornar as filigranas regimentais e aprovar o dispositivo que assegurou o zeramento do déficit. Mas agiu mal ao postergar a sua promulgação. O país não precisava de mais esse suspense. Num dia, os parlamentares comparecem e votam. No dia seguinte, resolvem se ausentar e protelar. O que explica tamanha contradição? As especulações estão na imprensa. Para alguns, foi manobra dos que desejam empurrar o início do plano para o 1º de abril –o dia da mentira–, aumentando a incerteza e fazendo acelerar ainda mais a já desenfreada alta de preços o que, certamente, inviabilizaria o plano. Para outros, foi mera desatenção, a exemplo do que aconteceu há poucas semanas quando faltou quórum para a aprovação em primeiro turno. Não descarto uma mescla das duas hipóteses. Seja lá o que for, uma coisa é certa: mais uma vez os interesses do Brasil foram colocados abaixo dos interesses de pessoas que, na verdade, desejam alimentar a atual dilaceração social. São os que precisam da miséria para fazer prosperar o seu proselitismo. Enquanto não se educarem, será difícil aos brasileiros separarem esses interesseiros dos verdadeiros patriotas. Interinamente, cabe à imprensa, aos formadores de opinião e, principalmente, a você –eleitor educado– ajudar nessa importante missão. Comecemos pelo dia 3 de outubro de 1994. Texto Anterior: Lógica perversa Índice |
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