São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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"Manhã" é opção adulta em faixa infantil

DA REPORTAGEM LOCAL

"Manhã" é opção adulta na faixa infantil
Programa exibido diariamente na CNT/Gazeta fala de economia, política e cultura
Quem liga a TV por volta de 9h à procura de algum programa destinado a pessoas com mais de dez anos de idade vai enfrentar sérias dificuldades. Desenhos e apresentadoras de programas infantis se proliferam na tela. Uma das poucas opções –a única digna de nota– é o programa "Manhã Paulista", que a CNT/Gazeta exibe de segunda a sexta, às 9h30.
Inicialmente planejado para ser um programa feminino, "Manhã Paulista" mudou de perfil para captar o público adulto carente de programação no horário. Deu certo. Uma pesquisa feita por um patrocinador mostrou que quase a metade de seu público (47%) é formada por homens. O programa tem média de dois pontos de audiência, segundo o DataIbope.
O resultado reforçou a idéia defendida pela diretora do programa, Cristiane Macedo, e pela apresentadora, Cláudia Matarazzo. As duas –que faziam o "Vídeo Gazeta", apresentado na mesma emissora até a estréia de"Manhã Paulista"– queriam explorar temas culturais, políticos e econômicos no novo programa. "A idéia era sair da mesmice dos temas comumente destinados às mulheres", diz Cristiane.
Mesmo com a ampliação de temas, o assunto do programa de maior repercussão –medida por um telefone colocado à disposição do telespectador– continua sendo o sexo. Outro ponto alto do programa é uma sessão de cardiofunk, ginástica de alto impacto feita ao som de dance music. Os outros temas são economia –com comentários de Antônio Kandir–, política, ecologia, música, cinema, teatro, saúde e amenidades.
Cláudia diz que mesmo as donas-de-casa –que ainda são maioria entre os telespectadores do programa– gostam de ter contato com as novidades do mundo extracasa. "A dona-de-casa quer ligar a TV para saber mais do que uma receita de bolo. Não quer ser tratada como tola".
Segundo Cláudia, houve resistência da emissora em aceitar os temas do programa –supostamente "elitizados". Ela conta que um dia mostrou uma revista importada no ar para comentar uma notícia. A direção da casa reagiu, dizendo que o público não tem dinheiro nem para comprar um jornal, quanto mais uma revista importada. "Ele gosta de ver, mesmo que não possa comprar", rebate Cláudia.
Se o conteúdo surpreende, o formato de "Manhã Paulista" segue basicamente a mesma linha de outros femininos. Não faltam nem os representantes das empresas patrocinadoras que participam do programa como entrevistados para exaltar as qualidades de determinado produto.
A única diferença marcante são as incursões da apresentadora como cantora, no próprio programa. "Eu canto a pedidos", afirma ela –que, de resto, tem um LP gravado e uma bela voz.

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