São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Salário decide batalha da comunicação

ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco determinou ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que deixe bem claro, nas exposições sobre a URV que fará hoje, que não haverá perdas salariais. A instrução do presidente, surgida durante a mini-reunião ministerial de sábado, deve-se ao receio disseminado no governo de que o plano econômico seja derrotado de saída, na batalha da comunicação à sociedade.
Durante sua estada no Rio Grande do Sul, o presidente foi reiteradamente cobrado sobre a perspectiva de perdas salariais. Uma das cobranças foi feita publicamente pelo governador gaúcho, Alceu Collares (PDT). O presidente reproduziu as cobranças durante a reunião do sábado e ouviu do ministro do Trabalho, Walter Barelli, que ele também fora cobrado, em sua viagem de sexta-feira a Petrolina (PE). Fechou o círculo o ministro Romildo Canhim, da Administração Federal, para quem a impressão de que os assalariados sairão perdendo "é generalizada na sociedade".
O ministro Fernando Henrique Cardoso fez, durante o encontro, uma minuciosa exposição técnica, na qual procurou deixar claro que não há perdas para os salários, ao menos na sua visão. Conseguiu convencer a maioria.
Canhim, inicialmente reticente, principalmente com a perspectiva de que o funcionalismo público seja prejudicado, também estava mais conformado. "Não há perda em relação à política atual, o que significa que está tudo bem com o salário do funcionalismo. Mas é um tudo bem dentro de um quadro de salário muito baixo", diz Canhim.
As dúvidas no próprio governo é que reforçaram a determinação de se tentar um mecanismo de comunicação do plano, hoje, capaz de transmitir segurança à sociedade. Há consenso no governo de que, se os comunicadores não forem competentes e deixarem dúvidas sobre a existência ou não de perdas salariais, o programa todo pode naufragar no momento da partida. (Clóvis Rossi).

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