São Paulo, terça-feira, 1 de março de 1994 |
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Alterações tiram caráter anti-social
ALOYSIO BIONDI
Com honestidade, pode-se dizer que alterações tiraram o caráter anti-social do programa, que passou a ser aceitável. Os salários perdem efetivamente no momento da conversão, com o emprego do critério da "média" –mas, em compensação, passam a ser corrigidos, com base na URV. Ao mesmo tempo, a equipe renunciou também ao dogma da liberdade total para os preços. Decidiu-se que, se as empresas quiseram adotar a URV, terão que utilizar o mesmo critério recomendado para os salários, a saber, a conversão pela média de quatro meses. Mais ainda: devem ser considerados apenas os preços dos últimos quatro meses de 93, excluindo-se portanto os preços remarcados deste começo de ano. Houve uma modificação substancial na própria filosofia do Plano, eliminando-se a eterna discriminação contra o trabalhador. Seria possível acreditar no apoio da sociedade, desde que a equipe demonstrasse capacidade de administrar a área mais problemática do plano –a evolução dos preços. É aí que a porca torce o rabo. A entrevista coletiva da equipe econômica pôs a nu, mais uma vez, o intenso desligamento, a ausência total de contato com a realidade, que caracteriza os economistas brasileiros. Isso é grave. Comprometedor. Só para dar um exemplo: o principal assessor do ministro, o economista Edmar Bacha, voltou a repetir o que já havia dito em entrevistas na semana passada: para ele, a inflação está caindo. Engano. A equipe errou em janeiro, elevando os juros, pensando que a inflação estava em alta –quando ela, na verdade, havia subido em dezembro. E ameaça errar quando pensa que a inflação está em baixa. Está confirmado: a equipe inventou um plano esotérico para combater a inflação por um motivo simples: vive na fantasia das teorias. Pobre Brasil. Texto Anterior: URV puxa preço da cesta básica Próximo Texto: Leia a íntegra da MP que cria a URV Índice |
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